Economia

A Merlin chegou à Bolsa de Lisboa. Disparou mais de 4% mas só houve 15 transações 

Espanhola Merlin assinala entrada na bolsa portuguesa
Espanhola Merlin assinala entrada na bolsa portuguesa
Nuno Botelho

A espanhola Merlin estreou-se com ganhos no mercado português. No entanto, o volume foi tímido, tendo gerado um retorno de 52 mil euros

A Merlin chegou à Bolsa de Lisboa. Disparou mais de 4% mas só houve 15 transações 

Diogo Cavaleiro

Jornalista

A imobiliária espanhola Merlin – dona do Monumental, em Lisboa, e do Fórum Almada – começou a negociação em Lisboa com uma valorização. E até bastante significativa, tendo sido uma das mais elevadas na bolsa nacional. No entanto, o volume foi limitado: houve apenas 15 transações, onde cerca de 4 mil ações trocaram de mãos. A intensidade destas trocas será essencial na hora de decidir se pode fazer parte do grupo restrito que junta as empresas nacionais cotadas mais relevantes, o PSI-20.

Depois da cerimónia de admissão de terça-feira, o arranque da vida da espanhola Merlin na bolsa portuguesa viveu-se esta quarta-feira, 15 de janeiro, com uma valorização de 4,28% para valer 12,90 euros. Ao longo do dia, andou a oscilar entre os 12,60 e os 13 euros.

Só que esta cotação foi atingida com uma reduzida troca de ações. Houve apenas 15 transações, que envolveram a troca de pouco mais de 4 mil ações, segundo os dados da Bolsa de Lisboa. Gerou-se, assim, uma liquidez de 52 mil euros.

Antes de começar o dia, a Merlin fechou um contrato para beneficiar a sua liquidez e a regularidade de transações com a empresa JB Capital Markets. O contrato estende-se por 12 meses, automaticamente renovável por mais 12, segundo indicou a empresa à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

O indicador da liquidez é um dos campos que é analisado pelo comité do PSI-20 na hora de decidir quem fará parte da montra da bolsa portuguesa. Este comité irá decidir-se em março por quem são os elementos que compõem o índice, atualmente com apenas 18 cotadas. O critério da capitalização bolsista é facilmente cumprido – o valor de mercado da empresa, no fecho da sessão, está nos 6 mil milhões de euros –, mas a da liquidez só é assegurada se houver uma troca expressiva de ações. Daí que Isabel Ucha, a presidente da Euronext, tenha dito na cerimónia que a eventual entrada no PSI-20 “vai depender do interesse dos investidores”.

“Eu teria todo o gosto”, assumiu Isabel Ucha. Afinal, a Merlin foi a primeira empresa a entrar no mercado regulamentado português desde o final de 2018. A última tinha sido a Flexdeal. Antes disso, é preciso recuar a 2014, há tanto tempo que a empresa que protagonizou essa entrada, a Luz Saúde, já de lá saiu.

A Merlin, mesmo assim, não é uma empresa como as restantes empresas da bolsa nacional. A imobiliária que está cotada em Lisboa é também aquela que está nas bolsas espanholas, segundo um modelo designado de "dual listing”. E a cotação pode ser diferente, como aconteceu hoje: se o dia foi positivo no lado português, em Espanha, nem por isso: as ações recuaram aos 12,290 euros.

A evolução da Merlin será também um indicador para outras empresas que possam querer olhar para o mercado português. É essa a expetativa da gestora da bolsa, nomeadamente porque há agora um regime em Portugal para imobiliárias (as chamadas SIGI - sociedades de investimento e gestão imobiliária) idêntico ao regime espanhol SOCIMI (de que a Merlin é um exemplo) e que vive nos mercados de capitais - aliás, a distribuição de dividendos aos acionistas é um dos grandes argumentos a favor destas entidades.

Cerca de 22% do capital da Merlin está nas mãos do grupo Santander, sendo que o restante está disperso por outros investidores - é essa a parcela que é trocada nas bolsas.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: dcavaleiro@expresso.impresa.pt

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