Economia

Direção-Geral de Energia acredita que ainda é possível alcançar 31% de renováveis no próximo ano

Direção-Geral de Energia acredita que ainda é possível alcançar 31% de renováveis no próximo ano

Diretor-Geral de Energia e Geologia admite que Portugal poderá ainda cumprir a meta de incorporação de renováveis traçada para 2020, apesar do afastamento registado em 2018, justificado pelo maior consumo de combustíveis na aviação e transporte marítimo

Direção-Geral de Energia acredita que ainda é possível alcançar 31% de renováveis no próximo ano

Miguel Prado

Editor de Economia

O Governo desvaloriza os mais recentes números publicados pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), que mostram uma redução do peso das renováveis no consumo final de energia em Portugal em 2018, bem como uma redução do contributo da eletricidade para o consumo energético total. Ao Expresso o diretor-geral de Energia e Geologia, João Bernardo, disse acreditar que “é possível” cumprir a meta de 31% de renováveis em 2020, apesar do retrocesso registado em 2018.

Em causa está o último balanço energético da própria DGEG, que o Expresso noticiou esta segunda-feira. “Os números de forma crua espelham que houve uma redução do contributo das renováveis no cômputo global”, reconhece João Bernardo. Mas o diretor-geral de Energia contextualiza que houve um efeito conjuntural a contribuir para a essa redução, nomeadamente a subida do consumo de combustível de aviação e de combustível de transporte marítimo, impulsionados pela atividade económica. “Estes sectores cresceram imenso”, sublinhou o diretor-geral.

Essa evolução levou a que o peso das renováveis no consumo de energia final em Portugal baixasse de 29,4% para 29,2% de 2017 para 2018, afastando-se assim do objetivo de 31% traçado para 2020. Mas João Bernardo garante que “estamos em boa rota para atingir a meta”.

“O aumento do consumo de energia no sector exportador, no turismo e na aviação conduziu a um desequilíbrio na procura que obrigou a que se recorresse à oferta mais disponível, os combustíveis fósseis. A estratégia das renováveis é uma estratégia com resultados firmes mas com uma projeção mais no médio e longo prazo”, observa João Bernardo.

“No fundo somos vítimas do nosso próprio sucesso em termos de crescimento económico”, comenta o diretor-geral, perspetivando que em 2020 o efeito da procura de combustíveis fósseis na aviação e transporte marítimo irá atenuar-se, podendo reforçar-se o contributo do sector elétrico, sobretudo as fontes renováveis.

O mesmo responsável salienta ainda que a comparação dos registos de 2018 com 2014 fica afetada pelas condições particularmente positivas daquele ano. “Os anos de 2014 e 2015 caracterizaram-se por uma forte produção de hidroeletricidade, permitindo reduzir muito significativamente o consumo de carvão e gás natural, fazendo baixar o consumo de energia primária e consequentemente a dependência energética”, aponta.

Além disso, o diretor-geral de Energia sublinha que “a produção de eletricidade renovável em 2018 atingiu 55,2% do total de eletricidade produzida, valor bastante acima dos 45,5% de 2017”. E acrescenta que o esforço de investimento nas renováveis, sobretudo na eletricidade, demora algum tempo a produzir efeitos.

João Bernardo nota que o licenciamento de nova capacidade fotovoltaica, para produção de energia solar, irá nos próximos anos gerar no sistema elétrico uma maior oferta de renováveis. Paralelamente, já em 2020 o sector dos transportes ficará obrigado a incorporar 10% de biocombustíveis, acima dos atuais 7%.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mprado@expresso.impresa.pt

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