Economia

Boicotada pelos EUA, Huawei produz telemóvel topo de gama sem componentes americanos

Boicotada pelos EUA, Huawei produz telemóvel topo de gama sem componentes americanos
Huanqiu.com/Getty Images

A empresa chinesa adotou uma variedade de estratégias para responder à ofensiva do governo americano. E os fabricantes dos EUA sofrem

Luís M. Faria

Jornalista

A Huawei começou a produzir telemóveis sem componentes americanos, noticiou esta segunda-feira o diário "The Wall Street Journal". Essa constatação resulta de uma análise efetuada por um laboratório tecnológico japonês, e é um efeito não totalmente inesperado, embora surpreendentemente rápido, do boicote ordenado pela administração Trump.

Os EUA alegaram questões de segurança como justificação. Embora a Huawei garanta que os aparelhos que comercializa não são utilizados para fins de espionagem, existe uma suspeita relativamente espalhada de que poderá não ser esse o caso.

No auge da guerra comercial entre a China e os EUA, o governo americano ordenou às empresas do seu país, em especial os fornecedores de chips, que deixassem de colaborar com a Huawei. O resultado foi que esta empresa se virou para outros fornecedores, além de incrementar ela própria a produção dos componentes em causa, culminando em setembro na apresentação de um telemóvel topo de gama - o Mate 30, um concorrente do iPhone 11 - sem partes americanas.

Na expetativa de que as tensões com os EUA pudessem levar à interrupção de fornecimentos vitais, a Huawei também tinha já, no ano passado, começado a acumular grandes quantidades dos componentes que pudessem vir a faltar. Estava, portanto, em condições de enfrentar o golpe quando ele chegou.

Segundo o "Wall Street Journal", vários fabricantes de chips americanos avisaram este ano que as receitas iam baixar por causa do boicote. O levantamento deste não deverá resolver a situação. Numa declaração, a Huawei exprimiu a sua "preferência clara por continuar a integrar e comprar componentes" de empresas americanas, mas disse que se tal não for possível procurará fontes fora dos EUA.

O seu responsável máximo por cibersegurança garantiu que a empresa já consegue produzir sem contribuição americana "as estações base 5G que são uma parte chave da infraestrutura necessária às redes de alta velocidade", e reiterou que, embora gostasse de continuar a usar componentes americanas, "isso deixou de estar nas nossas mãos".

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