Economia

Empresas portuguesas são as piores pagadoras entre 35 países

As empresas do sector agrícola estão entre as que registam maiores atrasos no pagamento aos fornecedores em Portugal
As empresas do sector agrícola estão entre as que registam maiores atrasos no pagamento aos fornecedores em Portugal
OLI SCARFF/GETTY

Em 2018 só 14,2% das empresas nacionais pagaram aos seus fornecedores nas datas acordadas. A tendência de incumprimento agravou-se em 7,5 pontos percentuais face a 2007 e faz de Portugal o país entre uma lista de 35 onde as empresas menos cumprem os prazos de pagamento, conclui estudo da Informa D&B

Empresas portuguesas são as piores pagadoras entre 35 países

Cátia Mateus

Jornalista

Empresas portuguesas são as piores pagadoras entre 35 países

Carlos Esteves

Jornalista infográfico

O prazo médio de pagamento das empresas em Portugal é elevado (71 dias) e, em 2018, 85,8% das empresas não cumpria os prazos de pagamento acordados com os fornecedores. As contas são da Informa D&B que, ao longo do ano passado, analisou o cumprimento dos prazos de pagamento das empresas em 35 países num estudo a que o Expresso teve acesso em exclusivo, concluindo que as organizações portuguesas são as piores pagadoras do mundo.

A Polónia é o país onde as empresas (79,3%) mais pagam dentro dos prazos. O número contrasta com a realidade portuguesa onde, em 2018, só 14,2% das empresas cumpriram os prazos de pagamento acordados com os fornecedores. E em contraciclo com a tendência dos demais países, em Portugal as empresas não estão a criar melhores hábitos de pagamento, antes pelo contrário.

Entre 2007 e 2018, o incumprimento dos prazos de pagamento aumentou 7,5% nas empresas nacionais. A média europeia de empresas que cumprem os prazos de pagamento era no final do ano passado de 42,8%, três vezes superior à registada em território nacional.

27% do PIB em dívidas a fornecedores

A maioria das transações comerciais entre empresas realizadas em Portugal não são feitas a pronto pagameno, ficando um valor por pagar aos fornecedores num prazo estabelecido. Em 2018, o valor por pagar a fornecedores ascendia a 49,8 mil milhões de euros, o equivalente a 27% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. 26% das empresas nacionais pagava a mais de 90 dias.

Segundo o estudo, em 2018 Portugal contabilizava cerca de 50 mil empresas com risco elevado ou médio-alto de se atrasarem mais de 90 dias a pagar aos fornecedores. "O risco associado ao recebimento é uma preocupação cada vez maior por parte dos gestores e relevante para uma economia saudável, já que afeta o equilíbrio financeiro das empresas, sobretudo as de menor dimensão, que perante estes atrasos ficam sem capacidade de pagar aos seus fornecedores", reforça Teresa Cardoso de Menezes, diretora-geral da Informa D&B´, responsável pelo estudo.

A líder acrescenta que o atual panorama nacional nesta matéria "não contribui para um clima de confiança entre os agentes económicos" e defende que "é cada vez mais importante dar aos gestores instrumentos e análises que lhes permitam escolher os parceiros de negócio em função deste indicador, reduzindo os riscos que a situação traz para as suas empresas".

No top 3 dos melhores pagadores estão a Polónia, com 79,3% das empresas a cumprirem os prazos de pagamento, Taiwan (75,5%) e a Holanda (73,8%). Na base deste ranking, no pódio dos piores pagadores está a Roménia (20,3%), Israel (18%) e, em último, Portugal com a percentagem referida de 14,2% de empresas cumpridoras.

Em Portugal, as micro empresas são as que estão a contribuir mais para agravar nos atrasos de pagamento a fornecedores. Numa comparação com 2009 e considerando todas as dimensões de empresas, os números da Informa D&B mostram que um agravamento generalizados dos prazos de pagamento das empresas que nas microempresas foi mais acentuado. Em 2009 eram 26,7% os micro negócios que pagavam a tempo e horas. Em 2018 o número são ia além dos 14%.

Os fornecedores dos sectores da indústria, agricultura, construção e das empresas grossistas estão entre os que recebem mais tarde e também entre os que pagam mais tarde. Já as atividades imobiliárias, transportes, alojamento e restauração e serviços gerais concentram a maior fatia de empresas que pagam a 30 dias. A única exceção é o sector do Retalho que, sendo um dos sectores que recebe mais cedo, é dos paga mais tarde aos fornecedores.

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