Economia

Devia ter acontecido em abril, mas Orey voltou a adiar apresentação das contas de 2018

A Orey Antunes está em mudança e abandonou a área financeira. Mas a herança deixada ainda não foi divulgada publicamente. O relatório e contas e a sua certificação do ano passado continua por divulgar. Data já foi adiada por seis vezes

Devia ter acontecido em abril, mas Orey voltou a adiar apresentação das contas de 2018

Diogo Cavaleiro

Jornalista

Pela sexta vez este ano, o Grupo Orey Antunes adiou a apresentação dos documentos de prestação de contas de 2018. Já se sabe que registou prejuízos de 9 milhões de euros, mas o relatório completo, com anexos e com a certificação pelo auditor, continua por divulgar. Esta segunda-feira, a empresa – que abandonou a área financeira, onde registava as perdas, – voltou a prometer a publicação até sexta-feira.

“A Sociedade Comercial Orey Antunes SA, informa que está em fase final de conclusão dos trabalhos de elaboração dos documentos de prestação de contas relativas ao exercício de 2018 conforme anteriormente comunicado”, indica a nota enviada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), onde adianta que “pretende proceder à divulgação dos referidos documentos previsivelmente até 20 de setembro”.

O adiamento não é uma novidade – e, desta vez, foi apenas por três dias. Mas, até aqui, o adiamento tem sido numa base mensal - e já aconteceu seis vezes. Foi em abril a primeira vez que foi feito o aviso de que não seria possível apresentar o relatório e contas anual.

O Código de Valores Mobiliários obriga a que, no prazo de quatro meses após o fecho do exercício (neste caso, foi a 31 de dezembro, pelo que a data seria 30 de abril), seja apresentado o relatório e contas. Em causa estão as contas anuais, mas também a certificação legal das contas e o relatório de gestão.

A saída das finanças

A única coisa que foi divulgada, até aqui, foi uma síntese com os números da sociedade, que refletem a decisão estratégica de o grupo se focar nas áreas de transporte e logística e de abandonar o sector financeiro. O prejuízo de 2018 foi de 9,6 milhões de euros, penalizado pelas atividades que a Orey está a abandonar (12 milhões), já que as operações onde se mantém apresentaram um lucro de 2,6 milhões - um resultado com impacto direto no capital próprio da empresa.

Foi no âmbito desta decisão de saída do sector financeiro que a empresa deste ramo, a Orey Financial, pediu ao Banco de Portugal a renúncia à sua licença de instituição financeira de crédito, bem como solicitou à CMVM o cancelamento do registo dos serviços autorizados. Daí que o supervisor português tenha pedido a revogação da autorização ao Banco Central Europeu, que, desde 2014, tem o poder de tomar essas decisões.

Além disso, a Orey Financial passou a não poder assumir novas responsabilidades perante terceiros, como novos clientes, e os antigos clientes e ativos sob gestão foram sendo transferidos, sob o olhar dos supervisores.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: dcavaleiro@expresso.impresa.pt

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