Em Guimarães não há dúvidas que "as empresas podem e devem pagar mais"
Francisco Cary, Luís Guimarães, Vítor Abreu e José Fernandes foram os participantes de um dos painéis da manhã, com moderação de José Manuel Fernandes
FERNANDO VELUDO / NFACTOS
Projetos Expresso. Os desafios e oportunidades que o sector industrial do Norte enfrenta e o papel que a arte pode ter na descentralização estiveram em destaque no V Encontro Fora da Caixa, organizado pelo CGD com o apoio do Expresso
A indústria procura novos caminhos para responder aos desafios do futuro e a cidade-berço não é alheia a esta preocupação. Mesmo longe de Lisboa, o tecido económico de Guimarães procura dar as melhores respostas para manter o dinamismo que lhe é característico, mesmo com barreiras que teimam em não desaparecer. "Souberam competir dentro e fora de Portugal", garantiu o CEO da Caixa Geral de Depósitos, Paulo Macedo
De garagens a empresas, como lembrou o administrador executivo da CGD, José João Guilherme, a indústria vimaranense foi um dos temas em foco do V Encontro Fora da Caixa E = MC2 e as figuras do sector vincaram bem as suas posições no encontro que decorreu hoje de manhã no Centro Cultural Vila Flor, com organização da CGD e apoio do Expresso.
"Fala-se muito de precariedade mas não se fala da precariedade das empresas e os dois deviam estar ligados", atira o CEO da Endutex, Vítor Abreu, como forma de ilustrar o que considera diferenças de perceção que podem ter impacto na regulação e no financiamento. José Fernandes, Chairman da Frezite, acrescenta que, além disso, é necessário "trazer para as empresas princípios de gestão modernos", o que passa também por um esforço de qualificação de recursos humanos. Sem esquecer que "as empresas podem e devem pagar mais", defende o CEO da Polopique, Luís Guimarães.
Paulo Macedo destacou as "taxas de juro historicamente baixas"
FERNANDO VELUDO / NFACTOS
Só assim será possível atrair mais e melhores trabalhadores, lembrou-se num painel que contou também com o administrador executivo da CGD, Francisco Cary e moderação de José Manuel Fernandes (Observador). E se o princípio é válido para a indústria também é válido para as artes, porque "nós temos de pagar contas iguais aos outros", lembra Ana Miranda, diretora do Arte Institute em Nova Iorque. A responsável acredita que é importante acabar com o estereótipo da relação entre os dois mundos, sob pena de não se explorar uma relação que pode ser de benefício mútuo.
"Tem que haver contribuição de toda agente", aponta a fundadora do Big Dance Theater NY, Sara Pereira da Silva, enquanto Leticia Santinon, da Rede Secs Brasil, utilizou o exemplo (extremo, referiu logo a seguir) do seu país para alertar que, por vezes, "é preciso pensar além das posturas políticas." Numa cidade em que se passou "a primeira tarde portuguesa" - como referiu o historiador Rui Ramos em conversa com o comentador João Miguel Tavares a propósito da Batalha de São Mamede - a luta pelo futuro continua.