Economia

Novo Banco fecha contrato para venda de mais duas carteira de imóveis e crédito

António Ramalho e Vítor Fernandes, presidente executivo e administrador executivo do Novo Banco, respetivamente
António Ramalho e Vítor Fernandes, presidente executivo e administrador executivo do Novo Banco, respetivamente
Nuno Botelho

O Novo Banco chega a acordo com gestoras norte-americanas para vender ativos tóxicos. Venda de maior carteira tóxica, no valor de três mil milhões de euros, ainda está por fazer

Novo Banco fecha contrato para venda de mais duas carteira de imóveis e crédito

Isabel Vicente

Jornalista

A sucursal do Novo Banco em Espanha chegou a acordo para vender uma carteira de ativos imobiliários e crédito não produtivo à Waterfall Asset Managment, uma sociedade gestora de ativos com sede em Nova Iorque.

O contrato de promessa de compra e venda dá prosseguimento à venda de ativos não produtivos designado por Projeto Albatroz. Segundo o comunicado enviado pelo Novo Banco à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) "a carteira tem um valor bruto contabilístico para o Novo Banco, ao nível consolidado, de 308 milhões de euros", e a instituição liderada por António Ramalho "prevê que a transação se conclua na sua totalidade até ao final do ano, assim que reunidas todas as condições associadas à sua formalização".

Esta segunda-feira foi também assinado um outro contrato de promessa de compra e venda com entidades indiretamente detidas por fundos geridos pela Cerberus Capital Mangament, sociedade sediada em Nova Iorque. O valor bruto dos ativos imobiliários ascende a 487,8 milhões de euros e integra o chamado "Projeto Sertorius". Desta carteira de imóveis fazem parte "195 imóveis agregados" compostos por 1228 unidades individuais com usos industrial, comercial, terrenos e residencial, incluindo estacionamentos, como refere o comunicado do Novo Banco.

As vendas anunciadas deverão estar concluídas até ao final do ano e ascendem no seu conjunto a 795,8 milhões de euros.

O Novo Banco apresentou na passada sexta-feira resultados negativos de 400 milhões de euros no primeiro semestre de 2019, o que corresponde a um agravamento para quase o dobro dos 212 milhões registados entre janeiro e junho de 2018. O legado tóxico do banco, sobretudo devido à venda de carteira de ativos problemáticos como imóveis e crédito malparado, foi o grande causador das perdas.

No comunicado emitido esta segunda-feira, o Novo Banco refere que "esta transação representa mais um importante passo no processo de desinvestimento de ativos não estratégicos do banco, prosseguindo este a sua estratégia de foco no negócio bancário".

Embora seja apenas uma estimativa, os prejuízos apresentados pelo Novo Banco no primeiro semestre traduzem perdas de 541 milhões de euros a cargo do Fundo de Resolução. Ou seja, perdas decorrentes de venda de carteiras e desvalorização de ativos que deverão ser compensadas pelo Fundo de Resolução. Um valor que, como referiu o Expresso, não é final. Representa apenas uma estimativa que poderá aumentar nas contas do final do ano, altura em que o valçor será definitivo.

Nas contas do primeiro semestre de 2018, por exemplo, os resultados apontavam para uma necessidade de injeção de capital do Fundo de Resolução de 726 milhões de euros. Mas o valor que efetivamente interessa é o de final do ano. E, no final de 2018, o Novo Banco precisou de 1.149 milhões de euros do Fundo de Resolução, veículo financiado pela banca (mas que tem sobrevivido com ajudas estatais).

Três mil milhões de ativos tóxicos ainda por vender

A maior operação de venda de ativos não produtivos ainda está por fazer. Diz respeito ao projeto "Nata2" que tem ativos contabilizados de 3,3 mil milhões de euros.Uma operação que terá seguramente efeitos sobre os pedidos de financiamento do Novo Banco ao Fundo de Resolução por via do mecanismo de capitalização contingente.

Recorde-se que até agora já foram pedidos cerca de 2 mil milhões de euros ao Fundo de Resolução dos 3,89 mil milhões que estão disponíveis por parte do fundo para compensar perdas com os ativos tóxicos que ficaram sob a sua alçada. Pelo que estão apenas disponíveis 1,9 mil milhões de euros.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: IVicente@expresso.impresa.pt

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