Economia

Banco Montepio desfaz-se de 13 mil contratos de crédito malparado avaliados em 321 milhões de euros

Banco Montepio desfaz-se de 13 mil contratos de crédito malparado avaliados em 321 milhões de euros
António Pedro Ferreira

Banco Montepio protagoniza mais uma venda em bloco de crédito malparado em Portugal. Não se sabe o impacto da operação

Banco Montepio desfaz-se de 13 mil contratos de crédito malparado avaliados em 321 milhões de euros

Diogo Cavaleiro

Jornalista

O Banco Montepio alienou uma carteira de crédito malparado. É mais uma venda em bloco, como tem acontecido na banca nacional. Desta vez, no valor bruto total de 321 milhões de euros. O comprador é uma entidade administrada por João Bugalho, da Whitestar.

“A Caixa Económica Montepio Geral, caixa económica bancária, S.A. (“Banco Montepio”) informa que no dia 12 de julho de 2019, e após um processo de venda competitivo, foi celebrada uma escritura pública de venda de uma carteira de créditos não produtivos (non-performing loans), sob a forma de venda direta, à empresa Panorama Jubilante S.A., uma sociedade validamente constituída e regida pelas leis portuguesas, com sede em Portugal”, indica o comunicado enviado pelo banco à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.

A Panorama Jubilante tem como administrador único João Bugalho, que é o líder da Whitestar. "A sociedade pertence ao Grupo Arrow Global, que no âmbito do seu papel no apoio a originadores e investidores nestas transações, adquiriu a sociedade com o intuito de permitir a estruturação do investimento", esclareceu a entidade na tarde de sexta-feira, depois de contactado pelo Expresso.

O Banco Montepio, cuja presidente executiva é Dulce Mota, não respondeu até ao momento.

“O montante bruto alienado foi de 321 milhões de euros, numa carteira que englobou aproximadamente 13 mil contratos”, revela a instituição financeira.

Não se sabe qual é o preço da compra, nem qual o valor líquido desta carteira (ou seja, qual o seu real valor após a constituição de imparidades), pelo que não é possível conhecer, para já, o impacto direto desta operação.

“A concretização desta operação materializa a estratégia do Banco Montepio de contínua redução de ativos não produtivos”, diz o banco de que Carlos Tavares é "chairman".

Este é o segundo bloco de malparado vendido no último ano. No fim de 2018, o Banco Montepio vendeu uma carteira de crédito malparado no montante bruto de 239 milhões de euros, estando em causa na altura 10 mil contratos.

Em março, o rácio de exposições não produtivas, em que o grande peso é o crédito malparado, representa 14,3% da carteira total, o segundo mais alto do sector bancário nacional.

A venda em bloco permite uma redução mais acelerada destes rácios, como exige o Banco Central Europeu, mas acaba sempre por pressionar o preço.

O Novo Banco está a vender uma carteira de malparado avaliada em 3,3 mil milhões de euros – será a maior de sempre –, tendo já fechado a de um portefólio de 400 milhões ao fundo Cerberus. Na primeira operação, conhecida como Nata 2, estão à venda os créditos da antiga Escom e da Ongoing, como o Expresso noticiou no sábado passado.

(Notícia atualizada às 15.55 com mais informações)

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