Economia

Vara não queria sair da prisão para ir à comissão de inquérito à Caixa, mas deputados forçam audição

Vara não queria sair da prisão para ir à comissão de inquérito à Caixa, mas deputados forçam audição
Luís Barra

Armando Vara tem audição marcada para a próxima sexta-feira. O agendamento não mudou, mesmo apesar do pedido da sua defesa para que não fosse ouvido. Os deputados querem mesmo questioná-lo

Vara não queria sair da prisão para ir à comissão de inquérito à Caixa, mas deputados forçam audição

Diogo Cavaleiro

Jornalista

Os deputados rejeitaram o pedido de Armando Vara para não comparecer perante a comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos. O ex-administrador vai mesmo ter de sair da prisão para esclarecer os deputados. Reunidos esta terça-feira, os políticos rejeitaram aquele requerimento. A audição continua agendada para a próxima sexta-feira, dia 14.

Antes da reunião de terça-feira da II comissão parlamentar de inquérito à recapitalização e à gestão da CGD, os deputados tiveram de discutir e deliberar sobre o requerimento apresentado por Armando Vara na semana passada. E decidiram: tem de esclarecer os deputados, e pessoalmente.

A defesa de Vara tinha, na semana passada, feito chegar um pedido ao inquérito parlamentar: “Não pode o exponente deixar de invocar a situação em que se encontra, a qual é do conhecimento público, e de que resulta a sua impossibilidade de acesso a qualquer tipo de informação desde há cinco meses”. Além disso, a equipa de advogados da Capitão, Rodrigues Bastos, Areia & Associados (CRBA) argumentou que há uma “óbvia penosidade, quer física, quer emocional, que a sua deslocação ao Parlamento acarretará”. Um outro dado: há aspetos em segredo de justiça sobre os quais não poderá falar.

Os deputados consideram que outros responsáveis ouvidos no inquérito parlamentar também não tinham acesso a toda a informação, bem como o facto de poder responder sobre temas que não estão sob segredo de justiça. Vara, antigo administrador da CGD entre 2005 e 2007, é arguido na Operação Marquês, acusado pelo Ministério Público de conluio com o primeiro-ministro no caso Vale do Lobo.

O antigo ministro está detido na prisão de Évora por cinco anos devido à condenação por tráfico de influências no âmbito do Face Oculta. Também já houve outras pessoas ouvidas em iniciativas parlamentares que estavam detidas, como Oliveira Costa.

Foi enquanto era administrador, sob a presidência de Carlos Santos Ferreira, que a CGD concedeu empréstimos problemáticos, incluindo a Joe Berardo (que estão agora na origem da polémica em torno de Vítor Constâncio).

Armando Vara já tinha ido ao inquérito parlamentar na primeira comissão de inquérito ao banco público - pese embora, em 2017, a esquerda parlamentar tenha rejeitado a realização da audição, por querer fechar os trabalhos da iniciativa parlamentar. Aí, Vara defendeu que o Vale do Lobo vai ainda render dinheiro à CGD, rejeitou qualquer ligação a José Sócrates e rejeitou a participação da Caixa na guerra do BCP.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: dcavaleiro@expresso.impresa.pt

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