Economia

Venda de banco nos EUA volta a falhar e "tira" 2 milhões aos credores do BES

Venda de banco nos EUA volta a falhar e "tira" 2 milhões aos credores do BES
PAULO CUNHA / LUSA

Venezuelanos e suíços falharam aquisição, mas já há um novo comprador para o antigo Espírito Santo Bank de Miami, atualmente ainda pertença do BES "mau". É o Banesco USA, que pertence aos mesmos acionistas do Abanca. Atrasos na venda voltam a implicar mais custos

Venda de banco nos EUA volta a falhar e "tira" 2 milhões aos credores do BES

Diogo Cavaleiro

Jornalista

A venda da instituição que o Banco Espírito Santo (BES) - que está em liquidação em Portugal - tem nos Estados Unidos da América voltou a falhar. Mas já está em curso a terceira tentativa. Envolve os donos do espanhol Abanca.

Neste momento, há um novo acordo da comissão liquidatária do BES para vender o Brickell Bank, antigo Espírito Santo Bank de Miami. O comprador é o Banesco USA, banco que pertence ao grupo venezuelano Banesco que, entre outros ativos, é dono do espanhol Abanca, comprador da unidade portuguesa do Deutsche Bank.

O BES está a alienar 99,99% do Brickell Bank , sendo que voltou a reforçar a imparidade para este ativo em cerca de 2 milhões de euros: o seu montante líquido, registado no balanço, passou de 9,2 milhões de euros, em 2017, para 7 milhões de euros, um ano depois. Isto porque a venda, a concretizar-se, será feita por 8 milhões de dólares, cerca de 7,1 milhões de euros, ao câmbio atual.

“O valor refletido no balanço relativo à participação de capital no Brickel Bank corresponde à melhor expetativa do valor de realização do ativo, no contexto da sua fusão com a instituição potencialmente adquirente, cujas negociações estão praticamente concluídas, estimado em 8 milhões de dólares”, sublinha a certificação legal de contas ao BES em 2018, feita pela PKF.

Esta aquisição por fusão está a ocorrer – ainda aguarda autorizações regulatórias – devido ao falhanço da anterior tentativa, precisamente por essas autorizações não terem chegado.

Em janeiro de 2018, o banqueiro suíço Joseph Benhamou e a sua família assinaram a compra do banco localizado em Miami, Florida. Contudo, a aprovação junto dos reguladores não foi obtida. E, assim, acabaram por desistir da operação. O que obrigou a comissão liquidatária do BES a procurar novo comprador.

Segundo a comissão liquidatária do BES, em documentos entregues no Tribunal do Comércio de Lisboa, o banco “tem continuado a registar prejuízos nas suas atividades, estando a ser preparadas medidas para assegurar que o banco não entra em incumprimento dos requisitos prudenciais”.

Mas este falhanço não foi o único. Já tinha acontecido isso. A família venezuelana Benacerraf tinha lançado uma oferta pelo banco, pouco tempo depois da derrocada do BES, mas acabou por desistir da compra em 2016.

O reforço da imparidade acaba por pesar nos resultados do BES e intensificar o seu buraco, ou seja, o capital próprio negativo. Isto quando já há uma lista de credores reconhecidos validada pela comissão liquidatária: há 5,06 mil milhões de euros de créditos válidos por reembolsar. Um montante que pode ainda custar 700 milhões ao Estado, por via do Fundo de Resolução.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: dcavaleiro@expresso.impresa.pt

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