Economia

Portugal paga 4,09% em obrigações em moeda chinesa

O IGCP colocou esta quinta-feira o equivalente a 260 milhões de euros em obrigações Panda em moeda chinesa no prazo a 3 anos. O cupão foi de 4,09% acima do verificado numa emissão similar por parte das Filipinas este mês. A procura foi três vezes superior

O Tesouro português emitiu esta quinta-feira pela primeira vez títulos no valor de 2000 milhões de renminbi (o equivalente a cerca de 260 milhões de euros) no mercado obrigacionista chinês. A procura foi 3,165 vezes superior à oferta. Foi a primeira emissão em moeda chinesa por parte de um país do euro. A operação sindicada foi realizada pelo Banco da China e pelo HSBC e culminou uma ronda prévia por Xangai, Pequim e Singapura.

O cupão destas obrigações Panda a 3 anos acabou por ficar em 4,09%, dentro do intervalo para este tipo de operações situado entre 3,9% e 4,5%. A forte procura permitiu à Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) apertar, por três vezes durante a operação, a taxa marginal de 4,35% para 4,09% para estes títulos a vencerem em junho de 2022..

Quota de emissões até 5000 milhões de renminbi

Portugal registou junto da National Association of Financial Market Institutional Investors (“NAFMII”), a entidade reguladora, uma quota para emissões num montante de 5000 milhões de renminbi. Esta quinta-feira realizou uma primeira operação.

Em comunicado, o IGCP sublinha que esta primeira operação pioneira na zona euro permitiu a Portugal aceder ao terceiro maior mercado obrigacionista do mundo, depois do dos Estados Unidos e do Japão.

O cupão na operação portuguesa ficou acima do registado numa operação similar realizada também este mês pelas Filipinas que emitiram 2500 milhões de renminbi (mais de €320 milhões) com um cupão de 3,9%.

Objetivos estratégicos

Na conversão para euros, o cupão ficou próximo de 0,65%, o que compara com taxas negativas no mercado secundário para a linha de obrigações em euros a vencer em outubro de 2022, cuja yield regista esta quinta-feira -0,21% no mercado secundário. As obrigações portuguesas em euros registam taxas negativas até ao prazo de 5 anos.

" O custo em euros, obtido após a cobertura do risco cambial que anula grande parte do diferencial de taxas de juro entre as duas moedas, é, sem dúvida, mais alto do que um financiamento que fosse contraído nos mercados habituais", refere Filipe Garcia, presidente da consultora Informação de Mercados Financeiros. "Mas há que destacar que esta operação tem objetivos marcadamente estratégicos, de cariz político e simbólico, deixando o ângulo financeiro para segundo plano", conclui o analista.

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