Economia

Líder do BCP deixa dois avisos ao Parlamento antes da entrega da lista dos grandes devedores

Líder do BCP deixa dois avisos ao Parlamento antes da entrega da lista dos grandes devedores
ANTÓNIO PEDRO SANTOS/Lusa

Há clientes em recuperação que podem surgir na lista dos devedores que podem ver a sua reputação danificada. E há vendas de créditos que podem cair. São dois níveis de preocupação de Miguel Maya, presidente do BCP, um dia antes da entrega da lista de grandes devedores da banca ao Parlamento

Líder do BCP deixa dois avisos ao Parlamento antes da entrega da lista dos grandes devedores

Diogo Cavaleiro

Jornalista

O presidente executivo do Banco Comercial Português, Miguel Maya, considera que há dois grandes riscos com a divulgação dos maiores devedores dos bancos que receberam ajuda externa que será feita esta quinta-feira ao Parlamento: prejudica os clientes; prejudica o trabalho do banco.

“A única coisa que pedimos é reserva sobre os clientes que estão a fazer o seu processo de recuperação, que tiveram dificuldades, por resultado da própria crise, e o seu nome divulgado na praça pública pode não ajudar”, afirmou Miguel Maya esta quarta-feira, 22 de maio, no final da assembleia-geral de accionistas, que aprovou o regresso ao pagamento de dividendos – não acontecia desde 2010 – e a compensação parcial aos trabalhadores pelos cortes salariais sofridos entre 2014 e 2017.

A outra questão que merece reserva, na ótica do presidente do BCP, é sobre o tratamento comercial que está a ser dado a créditos aí referidos.

“Também [pedimos] reserva relativamente aos créditos que estamos a vender em mercado. Há informação muito granular, que tem muitos detalhes. Se disser lá que um determinado crédito tem uma imparidade de 50%, não vai aparecer nenhuma proposta com um valor superior”.

Miguel Maya refere-se às imparidades que são constituídas em créditos para adequar o seu valor à expetativa de recuperação por parte da instituição financeira. Sabendo-se publicamente o valor da imparidade, sabe-se qual o valor que o banco antecipa recuperar. E, assim, é esse preço que passa a ser a referência nas ofertas de compra por entidades interessadas na aquisição.

A divulgação dos maiores devedores das instituições financeiras que receberam ajudas públicas nos últimos 12 anos foi aprovada pelo Parlamento este ano. Valor de créditos concedidos, datas de concessão, reembolsos e perdas estimadas são informadas que aí têm de constar. O relatório com a informação é entregue pelo Banco de Portugal.

Ainda não se sabe de que forma este documento, entregue à comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa, será divulgado publicamente – ou se será. O que é certo, garantiu Maya, é que cumpre a lei (ou seja, enviou os dados previstos legalmente ao supervisor).

Questionado sobre a prestação parlamentar de José Berardo e seus efeitos na recuperação, não quis comentar. "Asseguro que o BCP toma todas as medidas adequadas para proteger os seus interesses, isto é, minimizar a perda esperada nos créditos em incumprimento", disse apenas.

O banco tem uma ação de execução com a CGD e o Novo Banco em que tentam recuperar 962 milhões de euros junto do empresário madeirense e três suas empresas.

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