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Finerge levanta €800 milhões em financiamento recorde

Projeto artístico Wind Art, em que participaram os artistas Joana Vasconcelos e Vhils, no Parque Eólico de Moimenta 
da Beira.
Projeto artístico Wind Art, em que participaram os artistas Joana Vasconcelos e Vhils, no Parque Eólico de Moimenta 
da Beira.
D.R.

Segundo produtor eólico do país faz acordo de longo prazo com 12 bancos

Finerge levanta €800 milhões em financiamento recorde

Miguel Prado

Editor de Economia

É um financiamento de larga escala, o maior que a Finerge alguma vez contratou e, segundo a empresa, trata-se do maior refinanciamento de sempre a uma carteira de ativos eólicos em exploração na Europa. A Finerge, que é o segundo maior produtor eólico em Portugal, fechou um pacote de quase €800 milhões que lhe permite alongar a maturidade da sua dívida original e ainda ter liquidez para investir em novos projetos de energias renováveis.

O acordo envolveu 12 instituições financeiras. A única entidade nacional é o Novo Banco. Na plataforma participaram também o Santander, ING, BNP Paribas, BBVA, Bankinter, entre outros. O presidente executivo da Finerge, Pedro Norton, revelou ao Expresso que o acordo inclui €706 milhões de financiamento de longo prazo, que vence apenas em 2035, e ainda €92 milhões de linhas de crédito flexíveis. Uma transação que bate os €770 milhões de uma operação de refinanciamento de ativos eólicos que ocorreu no Reino Unido em 2017.

O novo pacote de financiamento permitirá à Finerge reduzir em cerca de 20% o custo da sua dívida, além da folga adicional para investir em nova capacidade de produção. “A Finerge vai continuar a investir em Portugal, quer através da compra de ativos quer em operações greenfield [novos projetos a construir de raiz]. Estamos também atentos a mercados fora de Portugal, mas não investiremos fora da Europa”, declarou Pedro Norton ao Expresso.
Pela proximidade geográfica, Espanha e França serão mercados naturais de expansão, mas a Finerge não tem nenhuma decisão tomada. Pedro Norton admite que ainda este ano possa haver novidades.

A Finerge é hoje uma empresa de energia eólica, com 899 megawatts (MW) em operação, através de 40 parques eólicos, que lhe conferem uma quota de 16,7% na capacidade de produção de eletricidade a partir do vento em Portugal. Só a EDP tem uma capacidade eólica superior. Mas Pedro Norton está interessado em alargar o âmbito de atuação.

Vento e sol

O dono da Finerge, o fundo australiano First State Investments (que comprou a empresa em 2015 à italiana Enel), deu ‘luz verde’ à equipa de gestão para procurar oportunidades de negócio não só nas eólicas mas também na energia solar. O leilão fotovoltaico que o Governo português quer realizar no final de junho (1350 MW de nova capacidade) poderá ser uma porta de entrada nesta área de negócio.

Para já, o que a Finerge tem como certo é o objetivo de investir na renovação de alguns dos seus parques eólicos em Portugal, tendo já solicitado licenças para reequipar dois parques e estando a preparar o licenciamento de outros três projetos de repowering.

O administrador financeiro da Finerge, Eduardo Arias, enfatiza a flexibilidade da nova plataforma de financiamento acordada com a banca, que permite que a empresa subscreva empréstimos adicionais em caso de necessidade, para desenvolver novos projetos. “O único limite é que o perfil de risco do grupo não seja afetado”, afirma o gestor.

Negócios a mexer

A compra da Finerge pela First State ocorreu num contexto de recomposição de carteiras de ativos no sector energético, que fez com que também o fundo Magnum Capital (liderado por João Talone, antigo presidente da EDP) se desfizesse da Iberwind, vendendo-a, em 2015, a uma empresa chinesa, a Cheung Kong Infrastructure Holdings. Assim, dois dos maiores produtores de energia eólica em Portugal mudaram de mãos no mesmo ano.
Desde então algumas transações de menor dimensão têm sido feitas. Em 2017 a EDP vendeu à China Three Gorges 49% da EDP Renováveis Portugal.

A indústria eólica, quer por via do refinanciamento de parques em operação quer pelo crédito para novos projetos (em terra e no mar), promete continuar a ser um importante cliente da banca, a par com do crescente investimento que vários grupos estão a fazer na energia solar fotovoltaica.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mprado@expresso.impresa.pt

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