Economia

Santos Ferreira: Metalgest de Berardo "tinha ativos para pagar dívida" 

Santos Ferreira: Metalgest de Berardo "tinha ativos para pagar dívida" 

Na audição da comissão parlamentar de inquérito à Caixa, Santos Ferreira afirma que holding de Berardo tinha ativos para pagar a dívida à CGD, justificando não ter havido discordância entre a aprovação e a apreciação do departamento de risco

Santos Ferreira: Metalgest de Berardo "tinha ativos para pagar dívida" 

Isabel Vicente

Jornalista

Em audição esta terça-feira na comissão parlamentar de inquérito à Caixa Geral de Depósitos, Carlos Santos Ferreira, que liderou o banco entre 2005 e 2008, não quis entrar em detalhes sobre o nome dos grandes devedores por isso consubstanciar quebra de sigilo bancário. "Tenho uma ideia dos clientes que possam ter sido financiados pela Caixa e que eram acionistas do BCP", mas "é quebra de sigilo citar os seus nomes". Ainda assim o nome de Berardo já é público e por isso com cautelas respondeu a algumas perguntas sobre os financiamentos aprovados ao mesmo.

No que toca ao financiamento de 50 milhões de euros à Metalgest, uma holding que tinha vários ativos do empresário Joe Berardo, Santos Ferreira afirma que o parecer da direção geral de risco não se opôs à operação, como se tem dito.

"Face a esse cliente o que o risco dizia era que não existia nenhuma exposição direta ao banco mas uma ligação a um cliente (Joe Berardo) com investimentos bolsistas que a presentavam uma boa situação", referiu. Concluindo que "o parecer do risco é razoavelmente claro: conclui que era possível conceder o crédito".

E sublinha que à época a Metalgest "tinha uma situação liquida de 216 milhões de euros, era uma holding que consolidava algumas empresas e tinha ativos disponíveis para venda, como empresas de moagem, em Castelo Branco; consolidava 85% da Bacalhoa; o Savoy (cinco hóteis), e a Madeirense Tabacos, entre outros". E como tal a Metalgest não dependia apenas dos seus ativos financeiros, sublinhou.

Aproveitou para dizer que os pareceres do risco muitas vezes eram acomodados e que havia condições que eram tidas em conta: "As condições de gestão do risco não são blocos de pegar ou largar. Apenas havia condições que eram ou não acomodadas".


A verdade é que estas operações não correram bem e foram casos como estes cujas circunstâncias se alteraram que se chegou a perdas elevadas. O que, para Santos Ferreira, teve ajudas, como a crise financeira. O ex-presidente da Caixa não entra em detalhes sobre os 350 milhões de euros que Berardo pediu à Caixa para comprar ações mas faz questão de dizer que outros bancos como o BCP, BES e Santander também financiaram o empresário e nenhum terá equacionado que as ações do BCP iriam cair abruptamente, mais de 90% . E recorda que "há operações que correm bem e outras que correm mal", oferecendo-se para revelar algumas operações feitas pela Caixa que tiveram sucesso.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: IVicente@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate