Eduardo Paz Ferreira: Capitalização da Caixa em 2012 “foi mais baixa do que seria necessário”
Paz Ferreira admite que a recapitalização da Caixa em 2016 pecou por excesso, mas considera que a capitalização feita em 2012 pecou por defeito
Paz Ferreira admite que a recapitalização da Caixa em 2016 pecou por excesso, mas considera que a capitalização feita em 2012 pecou por defeito
Jornalista
O responsável pelos órgãos de fiscalização da Caixa Geral de Depósitos entre 2007 e meados de 2016, Eduardo Paz Ferreira, referiu nesta quarta-feira no Parlamento que houve uma grande discussão sobre a capitalização do banco público em 2012, altura em que Portugal teve uma linha de empréstimo à banca que ascendeu a 12 mil milhões de euros.
Nessa altura, "tanto quanto me lembro o processo de recapitalização foi mais baixo do que seria necessário", afirma. Uma resposta que Álvaro Nascimento, chairman da Caixa na altura, também referiu quando esteve na primeira comissão parlamentar de inquérito à recapitalização e gestão do banco público em março de 2017.
Na altura, a Caixa contou com uma capitalização de 1650 milhões de euros, dos quais 900 milhões de euros através de CoCos (instrumentos de capital contingente) e 750 milhões de euros de injeção de dinheiro fresco.
Em causa nas discussões, referiu Paz Ferreira, esteve o facto de os CoCos (capital contingente) serem um instrumento de capitalização caro foi num dos argumentos. Recorde-se que na altura o BCP se financiou com 3000 milhões de euros através de CoCos e o BPI com 1500 milhões.
"O debate sobre a capitalização foi feito em conselho de administração e havia uma ruptura clara entre o administrador António Nogueira Leite (que acabou por sair mais tarde) e o presidente José de Matos. Tinham culturas muito diferentes. Era muito difícil estarem de acordo em qualquer ponto", esclarece. Para dizer que Nogueira Leite, "sem querer errar, defendia a privatização da Caixa".
Quanto à nacionalização do BPN e ao facto de a Caixa ter ficado com a gestão do banco, Paz Ferreira afirma: "foi uma operação de sacrifício para a Caixa. Foi o Estado que colocou a gestão da Caixa no BPN. Sentia-me mais confortável se isso não tivesse acontecido. tenho dúvidas de que o BPN fosse um banco sistémico".
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: IVicente@expresso.impresa.pt