Eduardo Paz Ferreira afirma que quando a supervisão da Caixa Geral de Depósitos passou para o Banco Central Europeu em 2014, "o BCE tinha uma informação negativa sobre os serviços da Caixa". E prossegue dizendo que, por isso, "nos foi pedido para fazer uma avaliação do trabalho coletivo dos órgãos sociais de gestão e uma avaliação individual dos seus membros".
Como referiu aos deputados da II Comissão Parlamentar à CGD que decorre desde as 17h00 desta quarta-feira, "pelo melindre que isto poderia ter fizemos um concurso e adjudicamos a uma empresa internacional o relatório". Confessa que o resultado foi "um relatório muito favorável aos órgãos de gestão da Caixa ", incluindo a comissão de auditoria a que presidia.
Já no que diz respeito à Direção Geral da Concorrência Europeia (DGComp), Paz Ferreira afirma que " a DGComp faz exigências manifestamente excessivas ao Estado português".
Recapitalização acima das necessidades
Embora tivesse saído da Caixa em 2015, Paz Ferreira considera que a recapitalização do banco público negociada em 2016, que envolveu cerca de 4 mil milhões de euros de capital, "foi feita muito acima das suas necessidades", justificando que talvez isso tivesse um objetivo. Ou seja, criar condições que permitissem à CGD voltar a apresentar lucros, considerando que o nível de imparidades não justificava o aumento de capital concretizado.
Recorde-se que isso já aconteceu em 2018 e de forma muito expressiva. Os lucros da Caixa ascenderam a €496 milhões, quase 10 vezes mais do que tinha registado em 2017: €52 milhões. No ano em que a recapitalização foi feita, em 2016, a Caixa deu prejuízos que ascenderam a 1859 milhões de euros e registou imparidades recorde de 3017 milhões de euros. Segundo o relatório da EY, só os 25 maiores créditos problemáticos geraram imparidades de 1,2 mil milhões de euros.
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