Economia

Turistas dão a ganhar a Lisboa €37,5 milhões por dia

Turistas dão a ganhar a Lisboa €37,5 milhões por dia
Luís Barra

Só no espaço de dois anos o turismo gerou mais 43 mil empregos e um acréscimo de receitas de €5 mil milhões - revela um estudo da Deloitte sobre o impacto económico do turismo em Lisboa, que atingiu €13,7 mil milhões em 2017, incluíndo alojamento, restaurantes, comércio, transportes ou mesmo construção

O turismo gerou mais de €13,7 mil milhões e assegurou 182 mil postos de trabalho na região de Lisboa em 2017, equivalendo a cerca de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) da cidade e toda a sua área metropolitana que inclui 18 municípios. Esta é a conclusão do mais recente estudo sobre o impacto económico do turismo em Lisboa realizado pela Deloitte para a Associação do Turismo de Lisboa (ATL) e divulgado esta segunda-feira.

Os resultados do estudo mostram que os turistas deixaram na região de Lisboa €37,5 milhões por dia, ou numa análise mais fina €1,56 milhões por hora, incluíndo gastos em compras, transportes, atividades culturais ou de animação, além de hotéis ou de restaurantes. A riqueza gerada em toda a cadeia de valor do turismo subiu 11,1% por ano desde 2005 e o emprego aumentou anualmente 14,3% face a 2015. Segundo o anterior estudo de impacto económico do turismo em Lisboa, reportado a dados de 2015, o sector tinha sido foi responsável por €8,4 mil milhões de receitas na região.

"São números muito significativos e que representam um salto enorme na riqueza gerada pelo turismo em toda a região. Em dois anos foram gerados um acréscimo de €5 mil milhões e de 43 mil novos postos de trabalho, não houve nenhum outro sector com um impacto desta ordem", nota José Luís Arnault, presidente-adjunto da ATL.

O estudo agora apresentado reporta-se a dados de 2017 para poder incorporar dados consolidados por concelho, segundo a explicação avançada pelo Turismo de Lisboa.

Alojamento local não 'canibalizou' aumento nos hotéis

O aumento de receitas geradas com os turistas atingiu toda a cadeia de valor, desde compras realizadas nas lojas, utilização de meios de transporte ou visitas a museus e outros espaços culturais. No espaço de dois anos, entre 2015 e 2017, o turismo na região de Lisboa trouxe mais €448 milhões ao comércio, mais €264 milhões às atividades de animação ou mais €243 milhões aos transportes. Os efeitos do turismo chegam também à construção, que tem um peso de 4,1% no impacto económico geral do sector em Lisboa apurado pela Deloitte.

Os hóteis e alojamentos locais (que no seu conjunto representam 42,1% de todo o impacto económico gerado pelo turismo) registaram um acréscimo de receitas de €353 milhões em dois anos. E "apesar do grande aumento da oferta de alojamento nas suas várias componentes" - em dois anos Lisboa ficou com mais 1.786 quartos de hotel e 21.130 quartos de alojamento local, os resultados em rentabilidade mantiveram-se em alta, com o preço por quarto disponível (RevPar) a subir de €59,6 para €77,7.

"O aumento da oferta não criou aqui nenhuma entropia", salienta José Luís Arnault, chamando também a atenção para o crescimento da hotelaria a par do alojamento local. "Não houve canibalização de um sector para outro, houve antes uma distribuição da riqueza gerada pelos dois tipos de alojamentos".

Aposta no luxo e num centro de "grandes congressos"

Os turistas estrangeiros que visitaram Lisboa vieram sobretudo do Brasil, França, Espanha, Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e Itália. Em média cada turista gastou €161 por dia e ficou 2,3 noites, destacando-se 10,5% como turistas repetentes do destino.

De acordo com o presidente-adjunto do Turismo de Lisboa, olhando para a frente as apostas passam por posicionar a região para o segmento de luxo, e sobretudo apostar nos congressos, sector que entre 2015 e 2017 evidenciou um acréscimo de receitas de €60 milhões.

"Falta-nos uma infraestrutura para podermos receber grandes congressos e estamos a trabalhar ativamente com as entidades públicas para podermos ter um espaço desse tipo", adianta José Luís Arnault, lembrando que "Lisboa não consegue ter congressos com mais de 5 mil, 6 mil ou 10 mil pessoas, neste último caso obrigando a algumas adaptações, e há diversos eventos a que não nos podemos candidatar porque não temos um espaço com dimensão. Há um potencial de crescimento muito grande, direto e indireto, é um desiderato que esperamos resolver nos próximos dois anos".

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: cantunes@expresso.impresa.pt

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