Economia

Supremo Tribunal Administrativo terá a última palavra nos conflitos da arbitragem fiscal

Supremo Tribunal Administrativo terá a última palavra nos conflitos da arbitragem fiscal
Divulgação

Na arbitragem fiscal há casos exatamente iguais que conhecem sentenças diametralmente opostas, lançando suspeitas sobre as sentenças. Estas situações poderão agora ser dirimidas pelo STA, como acontece nos casos que dão entrada nos tribunais administrativos e fiscais

Sempre que na arbitragem fiscal haja duas sentenças diferentes sobre a mesma matéria, os contribuintes vão passar a poder recorrer para o Supremo Tribunal Administrativo (STA) para tirar as teimas. A medida foi defendida pelo CAAD – Centro de Arbitragem Administrativa e aprovada esta quinta-feira, vindo conferir maior credibilidade às sentenças produzidas por este “tribunal alternativo”.

De acordo com o comunicado do Conselho de Ministros, o Regime Jurídico da Arbitragem Tributária foi alterado de modo a “permitir submeter à apreciação do órgão judicial de cúpula da jurisdição administrativa e fiscal a oposição de julgados entre decisões arbitrais”. Ou seja, sempre que haja árbitros a decidirem em sentidos opostos, o que não é invulgar (veja-se por exemplo o caso já relatado pelo Expresso do Imposto Mortágua), então o STA poderá dirimir o conflito.

Atualmente as sentenças produzidas pelo CAAD – Centro de Arbitragem Administrativa são, na sua maioria, definitivas e só são recorríveis se estiverem em causa questões de constitucionalidade.

Esta característica foi considerada fundamental para conferir maior celeridade ao processo de decisão mas acabou por revelar-se contraproducente, ao expor a existência de posições diametralmente opostas entre árbitros para situações exatamente iguais. O próprio CAAD já tinha feito esta proposta ao Governo.

A arbitragem nasceu pela mão do PS em 2011 envolta em polémica. As críticas, que se mantém atuais, apontam que se trata de uma forma de o Estado se demitir das suas funções, numa área crucial do direito onde se jogam milhões de euros e para a falta de garantias da independência dos árbitros, na sua maioria advogados ou consultores fiscais. Do lado dos defensores, sustenta-se que é um meio mais eficiente e rápido para resolver os litígios, por oposição aos tribunais tributários, que agonizam.

No Governo, a arbitragem tem defensores e críticos, mas os seus adeptos têm levado a melhor. Tanto assim é que ainda recentemente foi decidido dar um novo impulso ao CAAD, permitindo que os processos que deram entrada até 2016 migrem para a arbitragem sem custos.

Já no Parlamento está a ser ultimada legislação para tirar o suplemento de jubilação aos juízes que se reformaram e entretanto se constituirão como árbitros do CAAD.

A questão da eventual incompatibilidade dos árbitros, apesar de ser uma fonte de preocupação, não conheceu até agora melhorias.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: emiranda@expresso.impresa.pt

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