As bolsas de Nova Iorque tiveram um “colapso” na última meia hora de negociação desta quarta-feira, depois dos investidores “digerirem” as conclusões da reunião do banco central norte-americano, que decidiu, novamente, não subir as taxas de juro e assumir publicamente que o risco de Brexit e a “incerteza” marcam a conjuntura.
A decisão dos banqueiros centrais norte-americanos foi, desta vez, por unanimidade. A participante que, nas duas reuniões anteriores, se pronunciara por uma subida das taxas de juro, considerada um “falcão” determinado, alinhou agora com os restantes colegas do comité de política monetária da Reserva Federal norte-americana (Fed) que estiveram reunidos em Washington ontem e hoje.
Em Wall Street, o índice Dow Jones 30 acabou por fechar a cair 0,2% e o índice S&P 500 recuou 0,18%. Na bolsa das tecnológicas, o índice geral Nasdaq perdeu 0,18%. O índice MSCI para o conjunto das bolsas dos Estados Unidos fechou a cair 0,16%.
Ásia e Europa seguram fecho positivo das bolsas mundiais
A praça financeira novaiorquina encerrou no vermelho pela quinta sessão consecutiva, depois das bolsas asiáticas e europeias terem registado ganhos esta quarta-feira, ainda que mais ligeiros no caso da Ásia Pacífico, com o índice MSCI respetivo a subir 0,36%. Na Europa, o índice Eurostoxx 50 (das cinquenta principais cotadas da zona euro) avançou 1,34%, com as bolsas de Madrid e Milão a liderarem as subidas. O índice PSI 20, da bolsa de lisboa, fechou ligeiramente acima da linha de água, com um ganho de 0,01%. No conjunto das bolsas europeias, o índice MSCI subiu 1,18%.
Apesar da queda tardia em Nova Iorque, as bolsas mundiais fecharam esta quarta-feira em terreno positivo, com o índice MSCI para as 46 principais bolsas do mundo a subir 0,25%, interrompendo quatro sessões consecutivas no vermelho.
A presidente da Fed referiu, em conferência de imprensa, que o risco de Brexit (vitória de um sim à saída do Reino Unido da União Europeia no referendo de 23 de junho) pesou na decisão desta quarta-feira e que a “incerteza” marca o horizonte macroeconómico. Nas projeções dos membros do comité de política monetária da Fed, o intervalo do crescimento em 2016 da maior economia do mundial foi revisto em baixa de 2,1-2,3% em março para 2-2,18% agora.
Mercado de futuros não antevê subida dos juros da Fed este ano
Pela primeira vez, seis participantes nas projeções macroeconómicas da Fed, em que estão envolvidos 17 membros, preveem que o banco central apenas proceda a uma única subida das taxas de juro este ano face à incerteza, o que transmitiu aos investidores um sinal de pessimismo.
No fecho da sessão dos mercados financeiros norte-americana, as probabilidades de um novo aumento das taxas de juro em reuniões futuras da Fed ainda este ano desceram sintomaticamente, segundo os futuros daquelas taxas monitorizados pela CME.
A probabilidade implícita de uma mexida nos juros na reunião da Fed de 14 de dezembro que estava em 54% antes de ser conhecida a decisão de hoje, caiu para 47% pelas 21h30 (hora de Portugal).
Preço do Brent já desceu 8% nas últimas cinco sessões
O preço do barril de petróleo de Brent fechou esta quarta-feira em 48,61 dólares, uma queda de 1,3% em relação ao fecho de ontem. O preço do Brent tem estado a cair há cinco sessões consecutivas, acumulando uma quebra de 8%. Depois de um pico em 52,51 dólares a 8 de junho, a cotação do barril da variedade europeia de referência internacional não tem parado de descer.
Refletindo a incerteza manifestada pela Fed, as yields dos títulos do Tesouro norte-americanos no prazo a 10 anos desceram para 1,575%, um mínimo desde o final de agosto de 2012. A 31 de maio passado estavam em 1,85% e no fecho de ontem situavam-se em 1,613%.
Aguardam-se, agora, as decisões do Banco do Japão e do Banco de Inglaterra, que serão divulgadas na quinta-feira.
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