Conhecidos os resultados, deu-se início à comiseração coletiva. Nas páginas online dos jornais britânicos, no Twitter, no Facebook, nas caixas de comentários de vários artigos, o povo britânico manifestou a sua surpresa, angústia, felicidade, descrença, incredulidade e até alguma raiva, traduzida em lágrimas. Uma leitora do “The Guardian” escreveu uma carta ao jornal britânico na qual confessava ter chorado pela primeira vez ao ver o resultado de umas eleições: “Tenho 55 anos e pela primeira vez na vida chorei depois de ver o resultado das eleições gerais. Porque é que o Labour perdeu? Corbyn - ele é muito radical para o Reino Unido do século XXI. As pessoas têm medo da mudança, especialmente quando estão confortáveis na sua vida, e mesmo que estejam um pouco desconfortáveis preferem manter o status quo do que se aventurar pelo desconhecido. E depois há o Brexit. A Nação votou para sair, quer queiramos ou não, e o Labour foi visto pelas pessoas como um partido que estava a tentar impedir o Brexit e reverter o resultado do referendo”, escreveu Louise Sanders.
As sessões de psicanálise que o Labour de certo terá de pagar durante muitos anos são um dos assuntos do dia, com alguns nomes já na lista para suceder a Jeremy Corbyn na liderança quer do partido quer dessa procura pela alma do Labour. Um desses nomes é Rebecca Long-Bailey, ministra do Comércio na sombra e advogada de formação, que esta segunda-feira recebeu o aval não-requisitado de dois nomes fortes da ala corbynista: John McDonnell, o ministro das Finanças na sombra, e Richard Burgon, ministro da Justiça na sombra. O Labour pode finalmente vir a ser liderado por uma mulher: Lisa Nandy, Jess Phillips, Angela Rayner, Yvette Cooper e Emily Thornberry, todas com cargos atuais no partido, são nomes possíveis, mas todas com ideias muito diferentes sobre o que terá provocado o colapso do partido. Escolher a nova liderança não apaga a tragédia mas pode ajudar a começar a mudar a ideia que os britânicos têm do partido. Keir Starmer, o maior europeísta de todo o aparelho ‘labour’ com excepção feita a Andrew Adonis, membro dos Lordes e ex-ministro dos Transportes na sombra que já está a falar com os jornalistas sobre a possibilidade de uma campanha pela readesão, é o único homem na corrida com hipóteses fortes de vencer mas por ser tão inveteradamente ‘remainer’, pode ser um problema precisamente nas zonas menos privilegiadas que o ‘labour’ agora perdeu.
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