ARQUIVO Diário

Carlos Miguel. “Sou cigano, não tenho culpa”

Carlos Miguel em Torres Vedras, no tempo em que era autarca
Carlos Miguel em Torres Vedras, no tempo em que era autarca
ANTÓNIO PEDRO FERREIRA

O secretário de Estado das Autarquias Locais, Carlos Miguel, ficou conhecido como o advogado dos ciganos. Nunca recusou quem o procurava para o ouvir como um símbolo, o autarca cigano. Em 2008, então presidente da Câmara de Torres Vedras falou da sua infância ao Expresso, contou o que sentiu quando se viu afastado apenas por ser filho de quem era. Republicamos o seu depoimento na primeira pessoa

“O meu pai era de etnia cigana e sempre fez vida de cigano, vendia calçado nas feiras. Era supersticioso, não podia ver um sapo... A minha mãe não era cigana e a relação dela com a comunidade sempre foi complicada. Não sei se não foi aceite ou se não o quis ser. A nossa família sempre foi bem vista em Torres Vedras. Tenho um irmão que é engenheiro. Eu era o filho do 'Carlos Cigano' e chamava a atenção porque ia ser doutor.

A minha mãe era empregada fabril e o salário dela sempre foi para os nossos estudos. Fiz o curso técnico de serralheiro. Quando entrei no liceu, descobri a Filosofia. Acabei em Direito, não apreciei o curso, mas gosto de exercer. Não fui especialmente discriminado, mas não nego que o preconceito existe. Com sete anos, um colega disse-me que os pais não queriam que ele andasse comigo por eu ser cigano. Os pais da minha primeira paixão também não queriam que eu namorasse a filha.

Para continuar a ler o artigo, clique AQUI

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: CAMartins@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate