São muitos os que se queixam que os filmes na reta final já são vistos com outros olhos devido ao acumular do cansaço e stress. Acrescentaria que as olheiras talvez nos façam ver os filmes de outra maneira, mesmo quando há ainda júbilo a descobrir uma obra como “Sentimental Value”, do norueguês Joachim Trier, ou curiosidade perante a placidez de uma história de amor entre dois homens chamada “The History of Sound”, de Oliver Hermanus.
Filmes bem recebidos e que voltaram a ser amplificados pelo trabalho dos atores, nomeadamente a incrível Renate Reinsve, prémio de interpretação em Cannes 2021 por “A Pior Pessoa do Mundo” e, no caso de “The History of Sound”, por Josh O’Connor e Paul Mescal.
O primeiro é um drama familiar de uma família de Oslo ligada às artes: um pai realizador e uma filha atriz de teatro. Trier fala de sentimentos recalcados, trauma de perda e de redenção. Não está ao nível de “A Pior Pessoa do Mundo” porque há uma duração algo excessiva e personagens laterais que atrapalham, mas a superação do melodrama mais piegas para uma fatia de psicanálise grandiosa compensa sempre. Aquelas dores das duas irmãs e a sua cumplicidade passam muito para a plateia.
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