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Cinema

Pode lá haver Cannes sem Isabelle Huppert?

Isabelle Huppert no Festival de Cannes
Isabelle Huppert no Festival de Cannes
Stephane Cardinale - Corbis

O novo filme de Patricia Mazuy com a atriz francesa, “La prisonnière de Bordeaux”, mostrou na Quinzena dos Cineastas aquilo que tem faltado tanto à Competição até agora: pessoas de carne e osso. O concurso está em meias-tintas, felizmente ainda nem chegou a meio. Jacques Audiard arriscou mas perdeu-se em musicais mexicanos. O melhor filme de Cannes à saída do fim de semana continua a ser “Megalopolis”, de Coppola

No novo filme de Patricia Mazuy, as personagens de Isabelle Huppert e Hafsia Herzi conhecem-se por acaso no atendimento das visitas de uma prisão de Bordéus onde os maridos respetivos cumprem pena. Alma (Huppert) é uma mulher da alta sociedade. O marido, homem poderoso e com recursos, foi condenado por atropelamento mortal e fuga. Mina (Herzi), de origem marroquina e mãe de três crianças, vive com muitas dificuldades. O marido foi encarcerado por um roubo que também causou vítima mortal e ela mora longe da prisão, a três horas de viagem de comboio.

Nada em comum une as duas mulheres exceto aquela prisão. Acontece que a mulher rica decide dar uma ajuda à pobre, convidando-a a jantar e, mais tarde, a instalar-se na sua casa, em mansão com todas as mordomias, julgamos nós que por bondade ou puro altruísmo. Mas não será a compaixão, nem a caridade, que estão por trás deste encontro de classes sociais muito distintas (assunto que decerto agradaria a um Chabrol). O drama social começa a ficar em pano de fundo e o que Mazuy traz pouco a pouco para o primeiro plano são os jogos de interesses que afinal fazem mover as personagens para lá da súbita amizade, o modo desconcertante como as duas mulheres começam a transformar-se a nível psicológico a partir deste enunciado.

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