O que revela o primeiro filme do filósofo e ativista transgénero espanhol Paul B. Preciado

Este é um manifesto político à procura de uma mudança de mentalidades, com 25 intervenientes unidos pela mesma voz
Este é um manifesto político à procura de uma mudança de mentalidades, com 25 intervenientes unidos pela mesma voz
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Alguém lhe perguntou um dia — conta Paul B. Preciado em off no início do filme — “porque é que não escreves a tua biografia?” Antes de vermos Preciado, com a ‘mão na massa’, a colar cartazes, já o genérico indicou que esta é uma adaptação livre de “Orlando” de Virginia Woolf. Mas o que é isto de ‘adaptações livres’, o que significa, se esta, por uma série de circunstâncias muito particulares, não tem paralelo com qualquer outra?
Preciado não distingue a biografia do livro. Defende, num arrebatamento poético, que foi Woolf quem escreveu a dele naquele romance de 1928, 42 anos antes do seu nascimento na cidade espanhola de Burgos. Há um gesto de liberdade nesta atitude e, só por esta ideia, vale a pena ver-se o resultado. Nos cartazes que ele fixa pela calada da noite, na França em que ele reside há muito e num filme que toma o francês como a sua língua (também por questões de produção), Preciado procura Orlando. Todos os Orlandos do mundo. Fez um casting e encontrou 100 pessoas, das entrevistas selecionou 25 intérpretes. Todos eles vão evocar, encarnar, diria até, a personagem de Woolf que mudava de sexo a meio da história.
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