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O que é “Manga d'Terra” senão um filme de amor?

Eliana Rosa em "Manga d'Terra", de Basil da Cunha: o filme está em competição em Locarno pelo Leopardo de Ouro
Eliana Rosa em "Manga d'Terra", de Basil da Cunha: o filme está em competição em Locarno pelo Leopardo de Ouro

Paixão de um filme por um bairro a desintegrar-se, a Reboleira, de um realizador por uma atriz com uma voz notável, a cabo-verdiana Eliana Rosa, “Manga d'Terra”, muito aplaudido em Locarno, é a melhor longa-metragem e a maior homenagem de Basil da Cunha ao espaço em que ele se integrou há 15 anos. E é um filme de música e de mulheres. Em grande plano

“Manga d'Terra” começa como acabava “2720”, a curta com que Basil foi premiado na última edição do Curtas - Vila do Conde em julho passado: com mais uma rusga da polícia em off, deixando a Reboleira em alvoroço. Essa curta foi importante para Basil da Cunha, que ali figurou um bairro a querer apenas que o deixem viver, mas com vidas constantemente interrompidas pelo fogo cruzado. O cineasta luso-suíço (n. 1985) nunca espetacularizou a violência (ao jeito do brasileiro “Tropa de Elite”) nas duas longas-metragens anteriores, “Até Ver a Luz”, que foi realizada em 2013 e foi à Qunzena de Cannes, e “O Fim do Mundo”, que também passou em 2019 no ecrã gigante de Locarno. No entanto, em “2720” (“é o nosso código postal!”, recordou com orgulho Basil no festival suíço) a violência foi definitivamente empurrada para fora do ecrã. Quase só há sinais dela pelo que está em off, pelo som. A ameaça está por lá, pronta a chegar sem aviso prévio. Mas o cineasta não a deixa entrar.

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