Um militar israelita que deserta do campo de batalha em “The Vanishing Soldier”. O silêncio ensurdecedor dos Países Baixos sobre o passado colonial neerlandês na Indonésia em “Sweet Dreams”. As férias de verão de uma ilha grega que martirizam uma entertainer de turistas em “Animal”. São três bons pontos de partida para filmes que acabam por fechar-se em si próprios enquanto o filme de Radu não sai da cabeça
No início de julho deste ano, o Rei neerlandês Willem-Alexander apresentou um histórico e formal pedido de desculpas pelo passado colonial do seu país. Foi uma atitude inédita, que há muito tardava, e que visou uma assunção de culpa no comércio de escravos do antigo império em territórios tão distantes como a Indónésia, África do Sul, Curaçau, Papua-Nova Guiné e Suriname. A segunda longa-metragem da cineasta neerlandesa de origem bósnia Ena Sendijarević passa-se na ilha indonésia de Sumatra, 123 anos antes. Uma colega de trabalho de Amesterdão confirmou que o tema abordado é raríssimo no próprio cinema neerlandês, que só por casos pontuais conhecemos (tal como escassa é a presença daquela cinematografia nos palcos ds maiores festivais de cinema), salvo uns quantos filmes de época que, a nível político, pouco se comprometeram.
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