Cinema: “A Tempo Inteiro”, de Eric Gravel. A angústia da protagonista, a taquicardia do espectador

O ritmo frenético da vida de Julie, uma mulher na casa dos 40. Sublime Laure Calamy, num filme surpreendente assinado por Eric Gravel
O ritmo frenético da vida de Julie, uma mulher na casa dos 40. Sublime Laure Calamy, num filme surpreendente assinado por Eric Gravel
Pode ter sido do dia, mas a verdade é que a segunda longa de Gravel me causou um ataque de taquicardia como há muito não tinha. Supondo que esse efeito secundário poderá afetar outros, convém dizer que ele resulta de uma montagem torturante que nos faz sentir na pele a angústia da protagonista. Ela é Julie, uma mulher na casa dos 40 (Calamy, sublime) que, na primeira sequência — e por via de uma série de travellings rentes ao corpo —, encontramos a dormir. Essa sequência é um dos raros momentos de repouso que ela conhecerá ao longo de um filme que, nos mergulha no seu ‘quotidiano em contrarrelógio’ — detalhando, em planos muito breves, o início de mais um dos seus dias como mãe divorciada que, vivendo nos arredores de Paris, tem de deixar de madrugada os seus dois filhos pequenos à guarda de uma vizinha, de modo a chegar a horas ao trabalho (num hotel de luxo onde faz de camareira-chefe).
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