Os 30 anos da Culturgest são altamente comemoráveis. São três décadas de concertos, filmes, conferências, exposições que ocupam um lugar multidisciplinar insubstituível na oferta de uma cidade cujas instituições vêm perdendo fôlego. São também décadas de aquisições de obras de arte que formam uma coleção cuja construção viu momentos bem distintos, naturalmente condicionados pelas opções dos diferentes diretores artísticos que foi conhecendo. Esta opção comemorativa não quis ser uma exposição que discernisse essas opções. “Fantasma Gaiata”, a mostra que Bruno Marchand comissariou para a ocasião evita balanços historicistas ao contrário do que aconteceu por exemplo recentemente com a mostra “Histórias de uma Coleção” na Gulbenkian. Em vez de explicitar diferenças entre a visão mais multiculturalista de António Pinto Ribeiro; a lógica de Miguel Wandschneider que nos seus melhores momentos tentou dar visibilidade a artistas que pediam visões abrangentes (Miguel Palma, João Paulo Feliciano, Angela de la Cruz ou Ana Jotta); ou de Delfim Sardo, que fez várias revisitações históricas importantes (de Michael Snow e Peter Campus a Michael Biberstein), Bruno Marchand quis exaltar sobretudo a plasticidade da coleção e criar a partir dela um conceito curatorial quase temático que põe em diálogo as obras a partir de diferentes possibilidades (formais, simbólicas, temáticas). A estrutura da mostra é aliás assumidamente dual (o curador fala mesmo em “duas exposições”) mas há um encaixe e uma complementaridade evidente entre elas.
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