Livros: o grande Schopenhauer em formato pequeno

Se Schopenhauer tivesse escrito que o essencial do trabalho de um grande criador está feito até aos 35 anos, poderia estar a pensar nele próprio. Com efeito, a sua obra-prima filosófica, “O Mundo como Vontade e Representação”, foi publicada aos 31 anos. É um texto longo e denso, que passou despercebido e não lhe valeu a carreira académica que ele esperava. Décadas depois, aos 63, Schopenhauer publicou uma obra completamente diferente. “Parerga e Paralipomena” (obras menores e suplementos, na tradução de Sousa Ribeiro) é uma coleção de ensaios morais e de vida prática digna de colocar ao lado dos ensaios de Montaigne, com a vantagem de ser moderna, embora não tão moderna que escape a alguns arcaísmos notórios, alguns menos desculpáveis, na linha do preconceito. Tudo somado, são pequenos inconvenientes num texto que oferece o gosto e o proveito de ler o que um homem superiormente inteligente e culto aprendeu sobre si mesmo.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.