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O fazer da filosofia? Platão, Aristóteles, Sto. Agostinho, Kant, Wittgenstein e Heidegger respondem (às vezes com perguntas)

António de Castro Caeiro (Lisboa, 1966) é doutorado em Filosofia Antiga e professor na NOVA FCSH
António de Castro Caeiro (Lisboa, 1966) é doutorado em Filosofia Antiga e professor na NOVA FCSH

Em “O Que É a Filosofia”, lemos o seu fazer. António de Castro Caeiro dirige a pergunta a seis filósofos da sua eleição e disseca o que para cada um seria uma reposta. Por vezes, a resposta é simplesmente perguntar

Uma pergunta pode ser, ela própria, a resposta. A pergunta pela filosofia é um assunto arriscado, e mais ainda se dirigida — seguindo o rasto do seu pensamento, como seguimos um trilho oculto entre a folhagem — a filósofos como Platão, Aristóteles, Sto. Agostinho, Kant, Wittgenstein e Heidegger. Compreender como cada um deles a responderia pode ser, em si, fazer filosofia, refazer esse caminho, sentir, na verdade, que ele tem uma ligação (umbilical, constitutiva, até quotidiana) connosco. António de Castro Caeiro é filósofo, mas é também um professor (quem aqui escreve teve a sorte de ser sua aluna) capaz de nos levar lá, onde o pensamento é gerado e ativado. A filosofia é uma atividade, diz ele, desde logo. Não se tem: faz-se. Podemos estudá-la na escola, cursá-la na universidade, e ficarmos na mesma quanto ao que é filosofar. Ou podemos pegar na disposição para filosofar que nos é inerente e detoná-la, perguntar sobre a pergunta.

Em “O Que É a Filosofia?”, o autor evoca seis aulas magistrais proferidas por si no CCB. Primeiro, aborda a detonação da Filosofia em Platão, recorrendo ao significado grego da palavra, philia e sophia, obsessão e transparência. A filosofia surge como uma “obsessão compulsiva pela transparência” que é o reverso de uma “fuga à opacidade”: não queremos ficar sem saber. Sobre Aristóteles, lemos de novo que “não basta ler os textos filosóficos”, pois “a nossa aproximação a um texto filosófico tem de transformar, através da sua leitura, o modo como vemos o mundo”. Somos introduzidos na génese tardia da palavra ‘metafísica’ — que um bibliotecário inventou para indicar os textos que ladeavam os de física. “É o destino da filosofia vir a ser o seu próprio objeto”, diz Caeiro, questionando: “Aonde vamos quando começamos a pensar? De onde regressamos à realidade para cair nela?”

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.

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