
Uma sonata de inverno: a filha mais nova de Ingmar Bergman, Linn Ullmann aborda os últimos dias do pai num livro belíssimo, tão despojado como as paisagens da ilha de Fårö, onde o realizador viveu até morrer
Uma sonata de inverno: a filha mais nova de Ingmar Bergman, Linn Ullmann aborda os últimos dias do pai num livro belíssimo, tão despojado como as paisagens da ilha de Fårö, onde o realizador viveu até morrer
texto
Logo no início deste livro assumidamente híbrido, algures entre ficção e autobiografia, a romancista Linn Ullmann deixa um aviso: “Se existisse um telescópio que pudéssemos apontar para o passado, eu poderia dizer: olha, aqui estamos nós, foi assim que aconteceu.” O “nós” é uma “constelação” familiar que não chegou propriamente a existir: “Eu era filha dele e filha dela, mas não era filha deles, nunca fomos três, e, quando vejo a pilha de fotografias que tenho à minha frente na mesa, não encontro uma única imagem em que apareçamos os três juntos. Ela e ele e eu.” Ela é Liv Ullmann, atriz norueguesa de uma beleza perfeita, “daquelas que pertencem a todos e a ninguém — como um parque natural”. Ele é Ingmar Bergman, o grande realizador de cinema e encenador teatral que um dia se apaixonou por Liv, a protagonista do seu filme “Persona” (1966), 21 anos mais nova, com quem viveria uma curta relação amorosa, entre o quarto e o quinto casamento. O “eu” que narra, e por vezes se desdobra num “ela” (sobretudo ao evocar a infância), é Linn, última a chegar entre os nove filhos de Bergman.
Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: josemariosilva@bibliotecariodebabel.com