Num fim de tarde de uma sexta-feira de outono, na Biblioteca Nacional, António Valdemar impressionou a pequena audiência ali reunida. O decano dos jornalistas portugueses e homem de letras de evidentes dotes oratórios afirmou que a biografia de Camões escrita por Aquilino Ribeiro é, acima de tudo, um livro político, cujo significado terá de ser aferido em função das lutas contra o Estado Novo. Ao pôr o dedo na ferida, Valdemar advertiu que o livro intitulado “Camões: Fabuloso — Verdadeiro” (1950), tal como a coletânea “Camões, Camilo e Eça e Alguns Mais: Ensaios de Crítica Histórico-Literária” (1949) precisam de ser entendidos como gestos de oposição política a Salazar.
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