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“Grand Tour” de Miguel Gomes: quando o cinema faz milagres e um cobarde chega a terra de pandas

O riso de Molly (Crista Alfaiate), a parte solar de “Grand Tour”, de Miguel Gomes
O riso de Molly (Crista Alfaiate), a parte solar de “Grand Tour”, de Miguel Gomes
A nova longa-metragem do cineasta português, com Crista Alfaiate e Gonçalo Waddington no elenco, gravita em torno de dois noivos que não conseguem chegar a um acordo nem habitar o mesmo espaço no mesmo tempo. Ele é medroso, ela valente. Ele foge por vários países asiáticos, ela persegue-lhe o rasto. Estamos numa similitude de presentes, num início de século XX com smartphones no chão. “Grand Tour” é um novo filme de Miguel Gomes em duas partes, a pedir a cada espectador que lhe injete vida com a sua própria imaginação. É uma incursão destemida no romanesco. Foi muito aplaudido esta quarta-feira, no Grand Théâtre Lumière, em Cannes

Não se faz ideia, pese embora o que se escreveu no título, o que acontece a Edward Abbot (Gonçalo Waddington) naquela floresta de bambu já perto do Tibete, na primeira parte de “Grand Tour”. Quem manda ali são os pandas, será que o levam ou que Edward se transforma num deles? Isto é completa invenção nossa, com a liberdade de espectador que nos é permitida. Nunca o filme comenta ou sussurra o que quer que seja sobre a personagem. Mas este filme tem pandas e dia em que se vê um panda não é dia perdido. Eles sabem talvez mais de nós do que nós sabemos deles.

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