Régio e África foram dois temas que ocuparam Eugénio Lisboa a vida inteira. E de uma forma insistente e truculenta, como era seu hábito. Tendo feito parte da elite intelectual de Lourenço Marques (enquanto se ocupava profissionalmente de outra matéria bem diferente, a indústria petrolífera), tornou-se em Moçambique no mais destacado crítico literário não-oficial, com uma linha de valorização de certos escritores (e escreveu sobre todos) alternativos ao cânone africano que o regime português defendia (as polémicas com Amândio César e outros são ainda impressionantes de vigor e lucidez). Com todas as oportunidades que resultavam da proximidade cultural ao mundo anglo-saxónico (por causa da África do Sul e suas livrarias), a diversidade de jornais e suplementos culturais moçambicanos, e a censura mais suave nas colónias, formou-se Eugénio Lisboa como um jovem europeu em África, mais do que como um jovem português. Mas a ligação à metrópole fazia-se de muitas maneiras, uma das quais através de José Régio, que Lisboa conheceu quando fez o serviço militar em Portugal, tendo-se estreado em livro com uma antologia de Régio em 1957.
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