Rachel Martin é o rosto por trás de um estudo pioneiro que permitirá a Portugal medir a pegada carbónica da indústria editorial. A ideia de o realizar surgiu em 2023 durante a conferência Book 2.0 - “The Future of Reading”, realizada em Lisboa. Numa fase ainda muito incipiente, o objetivo do estudo é obter dados precisos sobre o modo como se produzem os livros no país, a fim de determinar futuras mudanças que o coloquem, pelo menos neste setor, mais próximo do Net Zero – isto é, “um estado em que todas as emissões globais anualmente emitidas são removidas da atmosfera”. Produtores de papel, gráficas, editores, distribuidores e livreiros vão ser chamados a colaborar.
Diretora Global de Sustentabilidade da editora académica Elsevier, com sede nos Países Baixos, Rachel Martin é cofundadora do Publishing 2030 Accelerator, lançado em outubro de 2022, com o apoio da Internacional Publishers Association (IPA) e da Federation of European Publishers (FEP), para promover transformações e práticas mais amigas do ambiente no setor editorial. “Não se trata de tornar tudo digital”, avisa, em entrevista ao Expresso. Em princípio, as conclusões do estudo serão conhecidas em setembro, quando a segunda edição da Book.2.0 tiver lugar.
Porque é importante determinar a pegada carbónica de um livro? Porque nos devemos preocupar com isto?
Antes de mais, temos de chegar ao Net Zero [objetivo acordado a nível internacional para mitigar os efeitos do aquecimento global a curto prazo] e consegui-lo é um desafio muito difícil. As grandes editoras internacionais, e mesmo as pequenas, estão a reconhecer o papel que desempenham em termos do seu impacto. Pensamos nos livros sobretudo como sendo uma forma de trocar conhecimentos, de transmitir factos, de inspirar as gerações seguintes. Mas eles têm também um impacto no clima e no ambiente. Utilizam papel e energia. E, tal como noutros setores, temos de estar atentos à forma como os produzimos e garantir que isso ocorre de forma ética e de acordo com as melhores normas ambientais. Isto deve preocupar-nos, justamente, para garantir que os livros, que desempenham um papel tão vital nas nossas vidas, continuem a desempenhá-lo no futuro – o que só se consegue através de uma utilização ética dos valiosos recursos do planeta. Isto aplica-se a Portugal, mas também aos Países Baixos, ao Reino Unido, aos EUA, ao mundo.
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