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Filme de Ridley Scott não refere invasões francesas em Portugal. Península “foi por muitos anos uma espinha na garganta de Napoleão"

Londres
Londres
Mike Kemp

Com a intenção de derrotar a inimiga Inglaterra, Napoleão decretou o bloqueio continental em 1806. Mas portugueses e britânicos mantinham relações amistosas há séculos e Portugal foi colocado numa situação difícil. Tentando evitar a invasão das forças francesas, optou por negociar, mas Napoleão não perdoaria. Seguiram-se as três invasões francesas, que impuseram graves perdas às tropas de Paris. O filme de Ridley Scott não as menciona, nem ‘en passant’. Historiadores alegam que a omissão é um erro. O consultor histórico no filme de Scott diz ao Expresso que “simplesmente não havia espaço para incluir a guerra peninsular em duas horas e meia". (Este artigo contém ‘spoilers’)

Dan Snow, historiador britânico, apresentador de televisão e autor de “A Experiência da Batalha de Waterloo”, já tinha deixado claro que “Napoleão”, o filme biográfico de Ridley Scott, em nada se assemelhava a um documentário. “Napoleão não incendiou a Marinha Real em Toulon, não regressou do Egito por causa de Josefina, não liderou um ataque de cavalaria, não abdicou logo após o seu fiasco na Rússia, e não esperou a manhã toda pela chuva em Waterloo.” Também não esteve presente na execução de Maria Antonieta, não atraiu deliberadamente o seu inimigo para um lago congelado, não fez explodir uma pirâmide com um canhão, esclarece o investigador, referindo-se a recursos usados pelo cineasta (também britânico) para contar a sua história. Desde a ascensão de Napoleão Bonaparte, com vitórias militares tão notáveis como a de Austerlitz, e o estabelecimento de um império europeu, à queda do homem que dominou vários territórios, a obra deixa de parte as três grandes invasões francesas em Portugal e os desaires na Península Ibérica dos seus marechais Junot, Soult e Massena.

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