Faltava uma hora para a entrega do prémio Camões 2019 a Chico Buarque de Hollanda quando Mário Laginha se sentou ao piano a ensaiar “Tanto Mar”, canção que o músico brasileiro escreveu a propósito da Revolução dos Cravos e que o colega português viria a interpretar em versão meio jazzística no final da cerimónia, esta segunda-feira no Palácio de Queluz.
“Tanto Mar” nasceu em 1975, quando os brasileiros ansiavam pela democracia em que os portugueses iam dando os primeiros passos e que só chegaria ao outro lado do mar dez anos mais tarde. Chegou a ter outra versão, em 1978, já esmorecido o fulgor revolucionário. Tendo ouvido as variações de Laginha, Chico comentaria ao Expresso pouco depois da cerimónia: “Gostei mesmo do que ele fez com a música, essas variantes, subidas e descidas”.
Foi um homem emocionado que entrou em palco, quase uma hora depois da hora marcada. Até lá, jornalistas andavam em frenesi pela sala, e os dos meios audiovisuais pediam comentários às individualidades presentes, das quais Carminho e Fáfá de Belém foram as mais requisitadas.
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