Cultura

Évora é a Capital Europeia da Cultura 2027. “Queremos levar a voz do Alentejo à Europa”

Évora é a Capital Europeia da Cultura 2027. “Queremos levar a voz do Alentejo à Europa”

Évora é a cidade portuguesa que, ao lado de Liepaja, na Letónia, vai representar a Capital Europeia da Cultura 2027. A decisão foi anunciada esta quarta-feira no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, pela voz de Beatriz Garcia, presidente do júri

Uma década depois de Guimarães assumir o título de Capital Europeia da Cultura, sabe-se que é Évora quem segue o legado em 2027. A decisão do painel de onze especialistas nomeados pelo o Ministério da Cultura e pelas instituições e organismos da União Europeia (Parlamento Europeu, Conselho da União Europeia, Comissão Europeia e Comité das Regiões), foi anunciada publicamente numa conferência de imprensa, esta quarta-feira, no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa.

A sessão abriu com um discurso do ministro da cultura português, Pedro Adão e Silva, seguido pelas palavras da representante da Comissão Europeia, Sofia Moreira de Sousa. Mas foi à presidente do júri, Beatriz Garcia que coube anunciar o veredito. Entre as quatro candidatas à corrida, - Aveiro, Évora, Braga e Ponta Delgada - é a alentejana a contemplada a representar, ao lado da cidade letã, Liepaja, o apogeu da cultura europeia em 2027, recebendo uma verba de 29 milhões de euros.

“Queremos levar a voz do Alentejo à Europa”, é o que diz Carlos Pinto de Sá, Presidente da Câmara eborense, em declarações aos jornalistas. “A nossa Capital Europeia da Cultura não se quer fazer dentro de quatro paredes”, reflete ainda o autarca, acrescentando que o projeto vai além da cultura, “quer fazer pontes com outras áreas”.

O presidente da autarquia de Évora enumera alguns avanços que já estão a ser feitos no que respeita a reabilitação de infraestruturas, como é o caso do Teatro Garcia de Resende e do Palácio Dom Manuel I. Mas há ainda planos para o futuro: a ambição de construir “o Pavilhão Multiusos que o Alentejo precisa”. Isto centrado num objetivo primário: travar o despovoamento, fixar e trazer população.

Ainda que com eleições autárquicas pelo meio, agendadas para 2025, o atual Presidente da Câmara, Carlos Pinto de Sá, garante ao Expresso que o projeto não fica condicionado. “O conselho político que reuniu toda a região do Alentejo e todos os respetivos órgãos regionais apoiaram a candidatura. Independentemente do que acontecer daqui para a frente, há um compromisso a longo prazo”. A estratégia Évora 2030 foi aprovada por unanimidade em Reunião de Câmara e em Assembleia Municipal, em agosto e setembro de 2021, respetivamente.

AS FUTURAS CAPITAIS PORTUGUESAS DA CULTURA

Para as cidades que ficaram pelo caminho, os quatro municípios envolvidos propuseram ao Governo que se dê continuidade e aproveitamento aos projetos desenvolvidos até agora. O Ministério da Cultura, na pessoa de Pedro Adão e Silva, garantiu esta quarta-feira, no discurso de abertura da sessão, que o trabalho percorrido não será em vão: “Criaremos uma Capital Portuguesa da Cultura, começando já nos anos 2024, 2025 e 2026”. Nestes três primeiros anos, serão eleitas as três cidades que não foram escolhidas, com um apoio de 2 milhões de euros.

Mas ainda não se sabe quem vai estrear, em 2024, o novo título. Essa é uma escolha que recai sobre as quatro cidades – Aveiro, Évora, Braga e Ponta Delgada - que devem articular entre si e chegar a um consenso. Este é um reconhecimento que pretende “levar a cultura mais longe e vencer obstáculos”, conta Pedro Adão e Silva em conversa com os jornalistas.

Apesar de o ministro da cultura sublinhar que "não há cidades derrotadas”, o sentimento é amargo. Pelo menos nas palavras de Cláudia Leite, coordenadora da equipa de missão de Braga. “É o culminar de quatro anos de trabalho conjunto, de uma comunidade inteira - não só de Braga, mas de toda uma região”, conta ao Expresso, refletindo ainda sobre o futuro da cidade enquanto futura Capital Portuguesa da Cultura. “O nosso rasgo é enorme e vamos lutar para que se possa concretizar. Não na mesma dimensão ou velocidade, mas é um incentivo enorme”.

António Pedro Lopes veio a Lisboa em representação de Ponta Delgada e partilha a amargura da colega bracarense. “Nós fizemos uma candidatura para Capital Europeia da Cultura e mais do que uma competição foi um processo que começa no local e cria uma relação com a Europa. Uma coisa não substitui a outra, mas haver um outro futuro possível só me deixa contente”.

Já no que a Aveiro respeita, ainda antes do anúncio da cidade selecionada, o Presidente da Câmara, Ribau Esteves, garantia que independentemente do resultado, o trabalho iniciado em 2019 será cumprido e levado a cabo até 2030.

A capital Europeia da Cultura (CEC) escreve a sua história desde 1985 e, à data, já foi ilustrada em mais de 60 cidades, espalhadas por 30 países europeus. Considerado um dos projetos culturais mais ambiciosos da Europa, prima-se pela promoção da diversidade e desenvolvimento cultural das cidades a longo prazo. Em Portugal, antes de Évora houve três: Guimarães (2012); Porto (2001); e Lisboa (1994).

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mortigaodelgado@gmail.com

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