Cultura

Livro sobre jornalista assassinado na guerra civil do Sri Lanka vence Booker Prize 2022

Shehan Karunatilaka com o seu livro premiado, "The Seven Moons of Maali Almeida"
Shehan Karunatilaka com o seu livro premiado, "The Seven Moons of Maali Almeida"
David Parry

Shehan Karunatilaka venceu um dos mais conceituados e influentes prémios literários do mundo com o seu segundo livro, “The Seven Moons of Maali Almeida”

“The Seven Moons of Maali Almeida” de Shehan Karunatilaka (um dos mais proeminentes autores do Sri Lanka) é o vencedor do Booker Prize 2022.

A obra, publicada em agosto deste ano, é descrita pela Booker Prize Foundation como uma “sátira ardente e mordazmente engraçada passada no meio do caos assassino de um Sri Lanka assolado pela guerra civil”. É a história de um jornalista assassinado que o próprio autor descreveu durante o discurso de aceitação como uma obra “estranho e difícil”.

“A minha esperança para o “Sete Luas” (tradução literal do título) é esta: que num futuro não tão distante, dentro de dez anos ou no tempo que for necessário, que seja lido num Sri Lanka que percebeu que estas ideias de corrupção, xenofobia e nepotismo não funcionam nem nunca vão funcionar. Espero que ainda esteja nas bancas e que seja lido por num Sri Lanka que aprendeu da sua história e que o “Sete Luas” esteja na seção de fantasia das livrarias, ao lado dos dragões e unicórnios, e não seja confundido com realismo ou sátira política."

Este é o segundo livro de Shehan Karunatilaka. O autor, nascido em 1975, ganhou notoriedade internacional quando o seu primeiro livro - “Chinaman” - venceu o Commonwealth Book Prize.

A entrega do prémio decorreu na noite desta segunda-feira em Londres, num evento que contou com a presença da cantora Dua Lipa e a rainha consorte Camila (num dos primeiros eventos públicos desde que Carlos III subiu ao trono).

A lista de finalistas deste ano incluía também "Glory" do autor zimbabuano NoViolet Bulawayo, “Small Things Like These” da irlandesa Claire Keegan, “Treacle Walker” do romancista inglês Alan Garner, “The Trees” do americano Percival Everett e “Oh William!” da america Elizabeth Strout.

Para já, apenas o último livro desta lista está traduzido em português, mantendo o mesmo título.

O Booker Prize foi criado em 1969 e é atualmente um dos mais conceituados prémios literários do mundo. O galardão distingue anualmente obras de ficção escritas em inglês e publicadas no Reino Unido e Irlanda.

Entre os vencedores das edições anteriores estão livros como “Os Testamentos” de Margaret Atwood, “A Vida de Pi” de Yann Martel, “A lista de Schindler” de Thomas Keneally e “Mulher, Rapariga, Outra” de Bernardine Evaristo.

Desde a sua origem, o prémio foi ganho por 36 homens e 18 mulheres. Apenas quatro autores (J.M.Coetzee, Peter Carey, Hilary Mantel e Margaret Atwood) receberam esta distinção mais do que uma vez.

Desde 2015, a Booker Prize Foundation atribui também anualmente o International Booker Prize, um galardão que distingue obras escritas noutras línguas desde que tenham sido traduzidas para inglês. O prémio deste ano foi entregue à escritora Geetanjali Shree, pela obra “Tomb of Sand”. Foi a primeira vez que um livro escrito numa língua indiana venceu este galardão.

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