Um museu ou um armazém? O novo híbrido de Roterdão é um depósito de arte único no mundo
Este fim de semana abre em Roterdão um espaço - híbrido de armazém e museu - que exibe a totalidade das 151 mil obras da instituição a que pertence
Este fim de semana abre em Roterdão um espaço - híbrido de armazém e museu - que exibe a totalidade das 151 mil obras da instituição a que pertence
Jornalista
Um museu e um armazém, juntos não só no mesmo edifício como literalmente nos mesmos espaços dentro desse edifício. Este parece ser o conceito de um museu inovador - perdão, um depósito, para lhe dar o nome agora usado - que vai abrir este fim de semana em Roterdão, na Holanda.
O museu é o Boijmans Van Beuningen, uma instituição com 170 anos que alberga um total de 151 mil obras, entre pinturas (63 mil), escultura, desenhos, fotografias e outros. Há quinze anos, quando o problema crónico do avanço da água começou a exigir uma solução permanente, o então recém-nomeado diretor pensou em construir um novo armazém, longe do centro da cidade. Acabou por construir um exatamente ao lado do museu.
Com 39,5 metros de altura e mais de 1600 painéis de vidro a cobri-lo, o novo edifício tem uma forma que a Icon Design comparou a uma grande campânula invertida. O exterior espelhado reflete o parque à sua volta. Para compensar a parte desse parque que a sua construção exigiu, o terraço mostra uma grande variedade de plantas.
Mas a principal novidade encontra-se lá dentro, com um cenário de escadas suspensas e cruzadas que lembra os desenhos de Piranesi, o famoso arquiteto e gravador italiano do século XVIII. Cinco microambientes, cada um com a sua temperatura, distribuem-se pelos vários andares.
Ao contrário do que acontece na generalidade dos museus, onde apenas uma pequena fração da coleção está exposta, no Boijmans Van Beuningen os visitantes podem apreciar a totalidade das 151 mil obras do museu. A maioria delas encontram-se em painéis deslizantes, mas algumas estão em vitrines, e uma pequena parte numa zona protegida especial.
É aí que todas vão ficar até por volta de 2028, quando o edifício principal do museu terminar as obras de remodelação em curso. Nessa altura, voltará a albergar uma seleção de três mil obras, incluindo, provavelmente, as de artistas como Bosch, Veronese, Rubens, Rembrandt, Van Gogh, Cézanne, Magritte e Dali.
Para já, a experiência arquitetónica do Boijmans Van Beuningen está a despertar interesse pelo mundo fora. Grã-Bretanha, Noruega, Qatar, Coreia do Sul e Singapura são alguns países que começaram a estudar esse original cruzamento entre museu e armazém.
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