O realizador russo Kirill Srebrennikov descreveu-se a si próprio como "uma pioneiro do isolamento". Aparecendo via Facetime no festival de Cannes, onde estreou o seu filme "A gripe de Petrov", Serebrennikov notou que agora o isolamento era uma tendência global.
"Concentrarmo-nos em nós próprios não é assim tão mau. Às vezes abre uma série de novas fontes para o futuro, para o passo seguinte na nossa vida. Precisamos de descobrir algo de realmente bom neste isolamento. E é possível", afirmou À revista Variety.
Serebrennikov, um dos mais importantes diretores de teatro e cinema russos, tem problemas com as autoridades desde 2017, por ter criticado a anexação da Crimeia e defendido a comunidade LGBT. Já em 2018 tinha sido impedido de ir a Cannes assistir à passagem de um filme anterior. Agora a situação repetiu-se.
O realizador passou vinte meses em prisão domiciliária, devido a uma condenação por alegado desvio de fundos que se assemelha a outras que têm atingido opositores políticos do Presidente Vladimir Putin, e que muita gente considera inventadas. Foi durante esse período que concebeu o filme agora estreado. Em Cannes, reporta a Variety, os atores e produtores do filme solidarizaram-se com o realizador usando crachás vermelhos com a sua foto e iniciais.
"A gripe de Petrov", inspirado num romance publicado em 2018, conta a história de uma misteriosa gripe na Rússia pós-soviética. Serebrennikov, que foi condenado em 2020 a três anos de prisão, com pena suspensa, saudou o público e congratulou-se com o facto de a tecnologia lhe permitir estar junto dele, apesar da distância física.
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