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“Este filme de bêbedos não é apenas sobre o álcool”. Entrevista com Thomas Vinterberg, realizador de “Mais Uma Rodada”

Mads Mikkelsen é um dos professores de “Mais Uma Rodada”, de Thomas Vinterberg (foto à dir.), numa cena de celebração de fim de ano letivo na Dinamarca
Mads Mikkelsen é um dos professores de “Mais Uma Rodada”, de Thomas Vinterberg (foto à dir.), numa cena de celebração de fim de ano letivo na Dinamarca

Nomeado para dois Óscares depois de ter vencido quase tudo nos Prémios do Cinema Europeu, “Mais Uma Rodada”, com Mads Mikkelsen, está a tornar-se um êxito estimável e chega a Portugal na quinta-feira. Thomas Vinterberg, o realizador, fala-nos sobre ele

Vinterberg sabe o que significa a provocação. Foi dele o primeiro tomo do Movimento Dogma 95 em que o realizador propôs, a par de Lars von Trier, sacudir o cinema europeu dos anos 90 com uma nova perceção do realismo — eram os tempos corrosivos de “A Festa”, uma seta apontada à má consciência escandinava e à sua classe média confortável, resignada, capaz das mais aberrantes parvoíces, fruto de tanta frustração contida. Foi sol de pouca dura que se extinguiu em 2003, Trier e Vinterberg seguiram entretanto caminhos distintos. Cada um deles tentou a sua sorte — e a abertura a uma carreira internacional — sem se perderem de vista. Vinterberg, contudo, foi o que ficou mais preso às raízes. Filho de um crítico de cinema, cresceu numa comunidade hippie da utópica Christiania, em que as drogas circulavam sem interdição em Copenhaga, e essa noção de grupo, de ‘família’ aberta a liberdades desejadas mas nem sempre concretizadas — Vinterberg sabe melhor do que ninguém como a Dinamarca também pode ser pequena, provinciana e mesquinha... —, foi uma ideia que jamais abandonou a sua obra. O cineasta precisa de reunir uma tribo à sua volta para trabalhar, é um observador mordaz de comportamentos sociais e de fragilidades humanas, gosta de ‘festas’ que tendem invariavelmente a correr mal. “Mais Uma Rodada” traz-nos outra do mesmo género. Esta é a história de quatro professores de liceu de Copenhaga que, fartos da modorra que lhes atazana os dias, decidem começar a beber logo pela manhã, controlando a embriaguez de grupo com alcoolímetros digitais. E não é que as aulas começam logo a ficar mais animadas? O pior é que, às tantas, alguns deles já nem conseguem voltar de carro para casa... “Mais Uma Rodada” é uma comédia insolente e um conto moral sobre quatro homens que querem voltar a sentir-se vivos.

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