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Cultura

“O filme é apaixonadamente cristão”: Gregório Duvivier (Porta dos Fundos) fala ao Expresso sobre a polémica do Jesus gay

“O filme é apaixonadamente cristão”: Gregório Duvivier (Porta dos Fundos) fala ao Expresso sobre a polémica do Jesus gay
Pedro Loureiro
O especial de Natal do 'Porta dos Fundos' agitou a sociedade brasileira e alguns deputados querem levar os autores a uma comissão parlamentar. Em entrevista ao Expresso, Gregório Duvivier, o “maconheiro de porcaria” que desempenha o papel de Jesus gay, reflete sobre o humor, a laicidade no Brasil e punições divinas
“O filme é apaixonadamente cristão”: Gregório Duvivier (Porta dos Fundos) fala ao Expresso sobre a polémica do Jesus gay

Hugo Tavares da Silva

Jornalista

O que é um maconheiro de porcaria [nova bio no Twitter]?
Ah, ah, ah. Foi a última coisa que eu ouvi aí. Eu adorei, maconheiro de porcaria. Não é? Achei tão curioso esse 'de porcaria' assim. Fazia tanto tempo que não ouvia. Não sei se é comum em Portugal mas no Brasil você pára de falar 'porcaria' aos oito anos de idade mais ou menos porque começa a ficar ridículo. Junto de maconheiro, vira uma qualificação especialmente carinhosa. Maconheiro de porcaria. Será que a porcaria é a minha maconha? Será que consumo a porcaria em vez de maconha ou, ao contrário, será que trato a maconha como...? Eu não sei, fiquei muito curioso. Achei tão bonito e enigmático que me apropriei.

"Não pode rir de religião, só de preto, viado e pobre", escreveu no Twitter. A religião é a vaca sagrada do Brasil?
É, exatamente. É curioso você falar da vaca porque a maioria dessas pessoas que dizem para respeitar o sagrado dos outros come carne vermelha, não é? A vaca é sagrada para os hindus. O que é que eles consideram uma religião digna de respeito? Certamente o hinduísmo tem mais adeptos do que, não digo do cristianismo, mas tem bastantes adeptos com certeza... certamente mais do que o judaísmo. Queria entender qual é o critério para respeito. Porque não respeitam a vaca? Porque não respeitam a maconha? Eu que sou um maconheiro de porcaria, já que a maconha é sagrada para os rastafári. Ou o ayahuasca, que é sagrado para umas comunidades indígenas e tal. Queria mesmo entender o que é sagrado. É mentira que a religião seja sagrada no Brasil. Não é mesmo. O que é sagrado é a religião do poder. Essa crise não é religiosa mas sim de poder, de pessoas que estão no poder desde sempre e que não aceitam que eu as desafie assim. Não acho que falámos contra Jesus, pelo contrário. Como alguns críticos até perceberam, o nosso especial de Natal é, nas palavras de um crítico, terrivelmente cristão. É apaixonadamente cristão. Fala de um Jesus que ama, que é uma ótima pessoa, do bem. Ele tem medo de aceitar porque não escolheu esse fado. É a história de um Deus humano que ama. Não há nada mais cristão do que o amor. Enfim, a gente realmente não imaginava que fosse ofender tanto, especialmente por essa característica de ele amar um outro homem. Não imaginámos que em 2019, quase 20, isso fosse causar tanto furor no Brasil.

Alguns políticos querem levar a equipa do 'Porta dos Fundos' a uma CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito]. O que alegam?
Eu nem entendi também o que é que eles alegam exatamente. No Brasil existe um crime que é vilipêndio da fé e objetos sagrados, que é feito para casos como o de um pastor evangélico que chutou uma santa. Hoje em dia existem muitos traficantes evangélicos que entram em terreiros de candomblé chutando e quebrando tudo. Então existe uma lei que protege as religiões desse tipo de ataque. Obviamente essa lei não fala nada sobre humor, sobre piada. É uma lei que protege religiões da violência. Não tem nada de humor, tanto que já tentaram processar a gente meia dúzia de vezes e ganhámos todas. Não foi a julgamento, foi tudo arquivado, porque não existe precedente para isso no Brasil.

Falamos de um país laico, certo?
Teoricamente, sim. Mas a laicidade não tem o mesmo compromisso que em Portugal, que não tem, por exemplo, uma bancada evangélica. Não tem, que eu saiba, nenhum pastor deputado. Ou padre. Não tem figuras religiosas dentro do parlamento. O Brasil tem mais de uma centena, diria. Existe um lobby evangélico muito, muito forte, pessoas que votam com uma bíblia na mão. É um Estado laico, claro, mas com sérios problemas na compreensão do que é a laicidade. A separação do Estado da igreja é algo que ainda não chegou ao Brasil. Todos os presidentes dos últimos 20 anos, em que se incluem os do PT, tiveram de fazer alianças com os neopentecostais. Ninguém se elege no Brasil sem esses pactos. Não diria que seria um Estado completamente laico, não.

A ida a uma CPI seria uma estreia?
É a primeira vez, até porque não faz sentido ir a uma CPI. Não entendem o que é uma CPI, porque é uma comissão parlamentar de inquérito. É investigativa. O que é que eles querem investigar exatamente? Uma CPI acontece quando há suspeita de um desvio de verba, por exemplo. Não faz sentido uma CPI por ofensa religiosa. O que estão pretendendo investigar, se Jesus era gay de facto ou não? Qual é o objeto da investigação? Era algo que não saberiam responder também. Virou patético. Temos a impressão que se trata de um grupo de humor que está tentando fazer concorrência com a gente.

Gostava de participar nessa CPI?
Ahhh, ia ser divertidíssimo, mas só vou como personagem. Quem está sendo investigado, neste caso, é o próprio Jesus, por isso teria de ir caracterizado como tal.

Voltamos sempre à história dos limites do humor. Como é que os humoristas lidam como esta coisa de estarem sempre em loop?
É, exatamente. É uma questão que volta sempre. Tenho pena que volte tão empobrecida, porque eu acho que é uma questão relevante. É uma questão superinteressante, filosófica mesmo. Existe algo sagrado, universal? É uma pergunta interessante filosoficamente. Na minha opinião, tudo é digno de ser objeto de riso. Existem alguns objetos que são mais fáceis, percebe? Você ri de religiões minoritárias. No Brasil, rir de um bando de candomblé é mais fácil porque é minoritário, então não vai sofrer nenhuma reprimenda. Eu acho que fazer humor é rir de quem está no poder. As pessoas usam como argumento contra a gente que essa é a religião da maioria dos brasileiros, mas é exatamente por esse motivo que falamos nela, entendeu? O humor de verdade tem de rir da maioria de quem está no poder, do hegemónico, e não da religião minoritária.

Há também uma petição a circular para retirar do ar o especial e Eduardo Bolsonaro partilhou nas redes sociais a sua crónica na "Folha de São Paulo" onde se fez passar por Jesus. Quando humorista é questionado dá troco com o dobro da força, não é?
Quando Eduardo Bolsonaro faz isso dá prova de burrice porque não faz sentido a pessoa divulgar algo que a ofende, certo? Não faz o menor sentido publicar no Twitter dele, que tem um alcance enorme. Graças a ele, uma quantidade muito maior de pessoas leu a minha coluna, muitas inclusivamente estão agradecendo nos comentários - 'Obrigado, porque esse conteúdo é pago e ele acabou pirateando para a gente', 'quero ler agora a coluna de Gregório mas não tinha dinheiro para assinar a Folha'. As pessoas estão agradecendo. Além de ser crime disponibilizar de graça um conteúdo pago, é estúpido disponibilizar e divulgar um conteúdo que você não gosta. Será que ele não percebe disso? O nosso especial de Natal teve o recorde de visualizações da história da Netflix no Brasil. Foi o produto mais visto. Não sei se teve que ver com isso, mas se calhar ele deveria perguntar-se. Eu não quereria que ninguém visse. Será que a gente fez bem, esse estardalhaço todo?

Ver Twitter

O vosso humor pretende apenas fazer rir, que não é pouco, ou beliscar a sociedade para ela se pensar?
O humor, primeiro, tem de fazer rir. O nosso primeiro compromisso é com a graça. Se não teve graça, falhámos. Mas, claro, o riso, como tudo, é uma ferramenta também e serve para dizer coisas. Quanto mais verdadeiro, mais engraçado. Tem uma ligação intrínseca entre humor e verdade. A piada que funciona é, em geral, a revelação de uma verdade. Esse contacto, essa revelação, é cómica, por isso não gosto de piadas racistas e homofóbicas. Não que seja crime, mas não são engraçadas, são mentirosas. Não acho que revelem nada de novo e surpreendente, não revelam a verdade oculta. Gosto muito quando o humor nos ajuda a ver aquilo que não estava a ser dito. Essa é a função, para mim: mais do que mudar a sociedade, que seria muito ambicioso, é dizer o que ninguém está dizendo.

O Gregório é um opositor de Jair Bolsonaro. Notou alguma diferença na liberdade e no tratamento da comédia desde o início do mandato? Ou até já havia um histórico desfavorável?
Já havia. Nós fazemos o 'Porta dos Fundos' há sete anos e todos os anos temos algum processo. Nesse sentido, realmente, não dá para dizer que Bolsonaro inventou a censura no Brasil ou o fundamentalismo mas com certeza está pior. Está pior porque ele tem hoje meios para impedir que as coisas sejam feitas. A gente, por acaso, está na Netflix, um dos poucos canais que não tem controlo nenhum, por isso a petição. A Netflix não é um órgão público, nem tem dinheiro público nem é uma concessão pública, como é o caso da Recorde. Realmente não tem nada que eles possam fazer a não ser uma petição. Agora, quem depende de um órgão público ou concessão pública está em maus lençóis porque o que ele [Bolsonaro] está fazendo é usar a máquina pública, não só para divulgar se for uma ideologia - hoje em dia estão a passar na TV pública documentários revisionistas da História do Brasil, um Brasil paralelo que mostra a escravidão como algo positivo -, mas também impedindo a veiculação e projeção de filmes que são contra a sua ideologia. Por exemplo, 'A vida invisível de Eurídice Gusmão', que fizemos aqui no Brasil e resultou, ganhou em Cannes e tal, é um filme que não pôde passar dentro da Ancine, a agência reguladora de cinema. Os funcionários fazem uma projeção por mês e não foi possível. Foi censurado, disseram que esse filme não, porque o produtor é comunista e tem o Gregório Duvivier. Fui um dos motivos para não passar dentro da Ancine. Que é que os funcionários fizeram? Fizeram uma enorme projeção na praça em frente à Ancine e muito mais gente viu, lotaram a cinelândia para assistir ao filme de graça. Então, de um modo geral, como o especial de Natal, o tiro saiu pela culatra. Hoje em dia, sobretudo com a Internet, a censura é muito difícil de ser feita, em geral contribui para que mais pessoas assistam. Ele está tentando mas por enquanto não está conseguindo ainda, não.

Como resume o especial de Natal?
É uma fábula cristã sobre a revelação da vocação de Jesus. É um momento em que Jesus percebe e é dito qual é a sua vocação. É bom lembrar que a Bíblia não fala de Jesus até aos 30 anos. Não sabemos o que aconteceu na vida dele até lá. Só tem sobre os apócrifos. O que aconteceu na vida de Jesus até aos 30 anos? Algo aconteceu. O filme fala desse momento. Que aconteceu no deserto? Sabemos que ele foi tentado, mas por quem? O especial de Natal propõe algumas respostas para essas perguntas.

Como castigo por esta polémica toda, fecharam negócio com a Netflix para mais um especial no próximo ano, certo?
Exatamente, exatamente (risos). Temos de fazer outro no ano que vem. Confesso que é difícil. O mais chato não é essa confusão toda, é realmente ter de botar uma barba postiça no calor do Rio de Janeiro. Isso sim, é uma punição divina. A gente fica naquele calor carioca aqui, com umas túnicas, uma em cima da outra, uma barba postiça gigantesca, uma peruca... A punição que Deus nos dá é o calor infernal do Rio de Janeiro. Já estamos punidos por isso, podem ficar tranquilos.

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