Cultura

“A todos os que o amam, obrigada”: morreu Amos Oz

“A todos os que o amam, obrigada”: morreu Amos Oz
Jason Kempin/Getty

Escritor, intelectual, professor, jornalista, Amoz Oz morreu esta sexta-feira. Tinha 79 anos

Amos Oz, escritor israelita conhecido pelas suas posições pacifistas, morreu aos 79 anos, vítima de um cancro. "A todos os que o amam, obrigada", escreveu a sua filha Fania Oz-Salzberger, no Twitter.

Oz sabia o que é ser considerado um traidor, bem como a personagem do seu último romance aclamado pela crítica, “Judas”. Desde cedo se mostrou contra a ocupação dos territórios palestinianos após a Guerra dos Seis Dias, conflito no qual foi soldado. Pouco depois dessa guerra terminar, ele e alguns amigos lançaram uma coletânea de textos desoladores para um país que ainda caminhava sobre os louros da vitória. Chama-se “O Sétimo Dia”.

Para uma parte da imprensa israelita foi sempre considerado esse tal traidor mas, numa entrevista ao "The Guardian" por altura do lançamento da tradução em inglês de "Judas", disse que se sentia em boa companhia sob essa ofensa. “É um crachá de honra”, afirmou na altura.

Abraham Lincoln, os generais alemães que planearam matar Hitler, Mikhail Gorbachev e, mais perto de casa, o fundador de Israel, David Ben-Gurion, são alguns dos exemplos oferecidos na altura pelo romancista como "traidores". “Às vezes a traição é só a coragem de estar à frente do teu tempo.”

Com vários romances publicados em Portugal, destaca-se precisamente “Judas”, “Uma História de Amor e Trevas” e “A Caixa Negra”, todos editados pelo Dom Quixote. "Como Curar um Fanático", editado em Portugal pela Companhia de Letras em 2016, é hoje ensinado em escolas suecas como um exemplo de luta política através do diálogo.

Numa entrevista à Newsnight, também no Reino Unido aquando da apresentação de "Judas", Oz explicou um pedacinho dessa fórmula que passa por não se ser tão fanático quando os fanáticos que gostaríamos de curar: “Dizer que Israel não devia existir é passar a linha do antissionismo para para o antissemitismo, porque ninguém disse que a Alemanha devia deixar de existir depois do Hitler ou que não devia haver Rússia depois do Estaline”.

Nascido a 4 de maio de 1939 em Jerusalém, parte de uma família com origens russa e polonesa, Amos mudou de apelido em 1954. Era Klausner e passou para Oz, que significa “força” ou “coragem”.

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