Cultura

Todos os livros que celebram a passagem do centenário da Revolução de Outubro

As editoras portuguesas, no centenário da Revolução Russa, publicam vários livros sobre o assunto, desdobrando-se entre reedições, como "Viagem à União Soviética", de Urbano Tavares Rodrigues, e novas publicações como "Terrorismo e Comunismo", de Trotsky

Para assinalar os 100 anos que passam sobre a chamada Revolução de Outubro, a editora Guerra e Paz celebra a data com "vozes não oficiais" e "não oficiosas" em três livros que retratam o antes, o durante e o depois.

No dia 25 de outubro, chega às livrarias "Revolução de Outubro", um livro em que o editor da Guerra e Paz, Manuel S. Fonseca, "dá palavra aos factos" e traça a cronologia dos acontecimentos", num volume a vermelho e negro, com 102 fotografias.
A história começa no enforcamento do irmão de Lenine, condenado pela tentativa falhada de assassinato do Czar Alexandre III, e termina em 1924, com a entrada do corpo embalsamado de Lenine no mausoléu onde ainda se encontra.
Outro livro da mesma editora é o romance "O que fazer", de Nikolai Tchernichevski, que, antecedendo a revolução, "instilou nos espíritos o ideal da luta por um mundo melhor" e cujo herói inspirou Lenine, tornando-se a sua "referência revolucionária".
"Revoltada" é um testemunho de vida escrito por uma mulher anarquista, Evgénia Iaroslavskaia-Makron, à espera de ser fuzilada pela Tcheka, a polícia política, e que viveu em estado de rebelião permanente.

Por seu lado, o grupo Bertrand Círculo publica "1917 - o ano que mudou o mundo", prefaciado por Miguel Real e que analisa os acontecimentos mais marcantes desse ano, "Lenine no Comboio", uma recriação da viagem do revolucionário comunista a partir do exílio em Zurique, e "Estaline e os Cientistas", que conta a história de vários cientistas que trabalharam na Rússia entre os anos que precederam a revolução até à morte de Josef Estaline. Pela mesma editora, é publicado "Apanhados pela Revolução: Petrogrado 1917", um livro no qual é contada a história da revolução, segundo a visão dos cidadãos estrangeiros que se encontravam na cidade à altura dos acontecimentos.

Numa perspetiva completamente diferente, a editora Ponto de Fuga lança o segundo volume da "Coleção Repórter X" - "As Aventuras do Repórter X no País dos Sovietes" -, que colige pela primeira vez em livro uma reportagem (cuja veracidade é incerta, como era característica dos trabalhos do jornalista Reinaldo Ferreira) sobre o período que se seguiu à morte de Lenine.
Entre as publicações dedicadas ao centenário da revolução, não falta um "clássico da historiografia", da autoria da historiadora Sheila Fitzpatrick, que narra a revolução por inteiro, desde fevereiro de 1917 até à Grande Purga dos anos 1930, passando pela Guerra Civil e por toda a evolução do partido bolchevique, editado pela Tinta-da-China.

Num registo semelhante, "A Tragédia de um Povo", escrita pelo historiador britânico Orlando Figes, publicada pela D. Quixote, é a primeira tentativa de uma história abrangente sobre todo o período revolucionário num só volume, começando em 1891, com as primeiras reações públicas crise e à fome, até 1924, com a morte de Lenine.

"Os últimos dias de Estaline", de Joshua Rubenstein, um relato dos últimos meses antes da morte do líder russo, e "Lenine, o Ditador", de Victor Sebestyen, uma "biografia íntima" de Lenine, são as apostas da Objetiva.

A E-Primatur vai publicar "Terrorismo e Comunismo -- Resposta a Karl Kautsky", um livro escrito em 1920 por Leon Trotsky, que constitui uma defesa do uso da força contra quem se opõe a uma ditadura revolucionária, do proletariado.
A obra, que surgiu como uma réplica a um texto escrito pelo marxista Kautsky, inclui, nesta versão, uma extensa introdução de Slavoj Zizek.

O filósofo esloveno está também em destaque no livro "Lenine 2017", da Elsinore, que engloba dois ensaios seus sobre o que simboliza hoje em dia a figura de Lenine e o impacto da sua doutrina, a par de uma recolha de textos, memorandos e cartas do líder comunista.

A Cavalo de Ferro recupera a "Viagem à União Soviética", de Urbano Tavares Rodrigues, que não era publicada desde 1974, uma crónica de descoberta, entusiasmo (com a ideologia comunista), de observação e independência de espírito, prefaciada pelo historiador José Neves.

Pela Alethêia sai uma nova edição da obra "10 Dias que Abalaram o Mundo", de John Reed, um "relato pormenorizado" da revolução, quando os bolcheviques, à frente dos operários e soldados, tomaram o poder.

Numa perspetiva mais atual, a Parsifal edita "A Revolução Russa -- 100 Anos Depois", vista por políticos e historiadores, como António Louçã, Fernando Rosas, Constantino Piçarra, José Manuel Lopes Cordeiro, Miguel Pérez Suarés, Rui Bebiano e Thaiz Senna.

Do Nobel da Literatura Aleksandr Soljenístin, são editados dois livros pela Sextante Editora: "Um dia na vida de Ivan Deníssovich", o primeiro romance publicado na União Soviética relatando a vida nos campos de trabalho dos prisioneiros políticos e a repressão estalinista, e "O Arquipélago Gulag", escrito clandestinamente entre 1958 e 1967, com base em testemunhos de 227 sobreviventes dos campos do Gulag.

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