Em poucas horas, mais de 5 mil pessoas inscreveram-se como voluntárias para fazer um teste serológico gratuito à covid-19, no âmbito do estudo de prevalência do SARS-CoV-2 na população portuguesa, conduzido pelo Instituto de Medicina Molecular (IMM) e financiado pela Sociedade Francisco Manuel dos Santos e grupo Jerónimo Martins. Os 5355 voluntários que já se inscreveram desde terça-feira, quando o anúncio de recrutamento foi divulgado, representam já quase 45% dos 12 mil participantes necessários. A afluência às inscrições foi de tal ordem que o site para registo de participação deixou de funcionar.
"A elevada afluência à plataforma criada para o registo superou em muito todas as estimativas que tínhamos e que eram já muito acima das referências históricas de estudos semelhantes. Por esta razão, estamos a trabalhar para resolver as questões técnicas necessárias para assegurar um registo dos voluntários correto e eficiente. Estimamos que a situação esteja normalizada nos próximos dias", informaram esta quarta-feira, em comunicado, os responsáveis pelo Painel Serológico Nacional Covid-19. "Até às 21h de ontem, dia 8 de setembro, e apesar de todas as questões técnicas, confirmámos o registo de 5.355 voluntários de todo o país, quase 45% da amostra total que esperávamos reunir num prazo de um mês."
O estudo prevê o recrutamento de participantes em 102 concelhos do país e os testes serológicos, que permitem detetar anticorpos para o coronavírus, serão gratuitos e poderão ser realizados até 7 de outubro em 314 postos de colheita do Centro de Medicina Laboratorial Germano de Sousa.
Os resultados do estudo, que é apresentado como “primeiro painel serológico para a covid-19 de cobertura nacional alargada”, são esperados no fim de outubro e visam dar um retrato mais amplo do que o do Inquérito Serológico Nacional do Instituto Ricardo Jorge (INSA).
Além disso, o objetivo é que o novo estudo retrate o nível de anticorpos na população passados já seis meses do primeiro caso em Portugal e depois das férias de verão, um período em que as pessoas “estiveram mais expostas ao exterior” e em contactos com familiares, como referiu à Lusa Bruno Silva-Santos, imunologista do IMM e investigador-principal do estudo.
A amostra tem por base três grupos etários: menores de 18 anos, entre os 18 e os 54 anos e 55 ou mais anos, com estes dois últimos grupos a representarem 81% do universo de voluntários. E terá ainda em conta a densidade populacional das regiões.
A definição e caracterização da amostra contou com o contributo de especialistas da Pordata, a base de dados da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), além do contributo da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, à qual está agregado o IMM.
Aos participantes deste estudo será realizado um inquérito médico para conhecer a percentagem de pessoas com doenças crónicas, as assintomáticas e as que estão vacinadas contra a gripe ou a tuberculose. Ter conhecimento dessas informações permitirá cruzar com os resultados dos testes e traçar um retrato mais detalhado da doença em Portugal.
O registo pode ser feito através do site www.painelcovid19.pt que, como indicaram os responsáveis pelo estudo, deverá estar a funcionar nos "próximos dias".
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