Coronavírus

Muitos casos de covid-19 nos EUA? O problema é que se testa demais, afirma Trump

Muitos casos de covid-19 nos EUA? O problema é que se testa demais, afirma Trump
SAUL LOEB/Getty Images

Se os EUA parassem de testar, os casos reduzir-se-iam a um mínimo, considera o presidente, numa altura em que as infeções no país já excedem largamente os dois milhões

Luís M. Faria

Jornalista

Com 2,197 milhões de infeções oficialmente registadas (só nas últimas 24 horas foram 14141) e 118.759 mortes, os Estados Unidos são de longe o país com mais vítimas de covid-19. Para Donald Trump, porém, o problema é fazerem-se demasiados testes.

Contrariando os profissionais de saúde, que têm repetidamente apontado falhas nessa área e veem um sistema eficaz de testes como essencial para contrariar a epidemia no país, Donald Trump acha que se trata sobretudo de uma questão de percepção.

Durante uma mesa-redonda com idosos, o Presidente dos Estados Unidos disse: "Se parássemos de testar neste momento, teríamos muito poucos casos, na realidade. Os media gostam de dizer que temos o maior número de casos, mas fazemos, de longe, o maior número de testes. De certa forma, ao fazermos todos estes testes, damos má imagem de nós mesmos".

A mensagem foi reforçada pelo vice-presidente Mike Pence durante uma comunicação com governadores. "Encorajo-vos a vocês todos, quando falamos destas coisas, a assegurar que continuamos a explicar aos nossos cidadãos a magnitude do aumento dos testes. E que, na maioria dos casos em que vemos alguma subida marginal no número, isso é mais um resultado do trabalho extraordinário que vocês estão a fazer", disse Pence, segundo o "New York Times".

O jornal considera enganosas essas afirmações, notando que os surtos de coronavírus têm vindo a aumentar desde o final de maio e que os casos positivos superam o número de testes realizados. Dados provenientes de vários estados em que as restrições do confinamento foram levantadas parecem confirmar essa ideia.

Trump e Pence insistem em descrever os surtos como "intermitentes", e os seus aliados no Congresso tencionam interromper em breve o subsídio de 600 dólares atribuído a milhões de americanos que recebem o dinheiro enquanto não estão a trabalhar. Senadores republicanos dizem que esse subsídio leva muitas pessoas a preferirem ficar em casa, um comportamento que causa graves prejuízos à economia.

A verdade é que muitos americanos não se sentem seguros para regressar ao trabalho e a intenção anunciada pela administração Trump de conceder uma larga imunidade legal às empresas cujos trabalhadores contraiam o coronavírus no trabalho não ajuda a dar tranquilidade aos trabalhadores, sobretudo aqueles cujas atividades envolvem um grau especial de risco.

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