Coronavírus

OMS anuncia que não é possível confirmar se vírus presente nas superfícies pode infetar humanos

OMS anuncia que não é possível confirmar se vírus presente nas superfícies pode infetar humanos
Visual Science

Embora a OMS reconheça que há estudos que identificaram a resistência do SARS-CoV-2, o vírus da covid-19, em determinadas superfícies e objetos, não foi ainda possível confirmar se poderá haver contaminação dessa forma

Continua por provar a possibilidade de transmissão por contacto com superfícies ou objetos contaminados com o vírus, admitiu num documento, publicado sábado, a Organização Mundial da Saúde (OMS). Apesar disso, devem manter-se os cuidados, as limpezas e as desinfeções regulares, com o fim de “reduzir o potencial de contaminação”. O documento visa fornecer orientações, essencialmente para os profissionais de saúde, sobre a limpeza e desinfeção de superfícies ambientais no contexto da pandemia.

"A doença da covid-19 é uma infeção respiratória causada pelo SARS-CoV-2. O vírus da covid-19 é transmitido sobretudo por contacto físico próximo e gotículas respiratórias", define a OMS.

Embora a OMS reconheça que há estudos que identificaram a resistência do SARS-CoV-2, o vírus da covid-19, em determinadas superfícies e objetos, não foi ainda possível confirmar se poderá haver contaminação dessa forma. Essa conclusões foram da responsabilidade de laboratórios que testaram tais cenários “longe das condições do mundo real”, explica aquela entidade das Nações Unidas.

De acordo com um estudo publicado no “Journal of Hospital Infection”, em janeiro, o novo coronavírus pode resistir até oito horas em alumínio, cinco dias em azulejos e quatro ou cinco dias no papel; o vírus pode ainda aguentar-se viável até cinco dias no plástico, quatro dias no vidro e madeira e até cinco dias no metal. Ser viável não é sinónimo de que há transmissão.

A OMS pretende que as populações se mantenham vigilantes e cuidadosas. “Ainda assim [sem as tais provas de transmissão por contacto com superfícies], é importante reduzir o potencial de contaminação do vírus da covid-19 em ambientes não relacionados com saúde, como habitação, escritório, escolas, ginásios ou restaurantes”. De acordo com a OMS, as superfícies mais suscetíveis ao toque e à contaminação devem ser priorizadas na desinfeção. E isto inclui, por exemplo, portas, puxadores de janelas, cozinha, copa, casas de banho, aparelhos e dispositivos eletrónicos pessoais, como tablets, telefones e computadores, e secretárias.

Sobre este processo, a OMS deixa um alerta: “O desinfetante e a concentração do mesmo devem ser cuidadosamente selecionados para evitar danificar superfícies e evitar ou minimizar efeitos tóxicos sobre membros da família ou frequentadores de espaços públicos”.

A pulverização ou fumigação de espaços exteriores, como ruas ou mercados, não é recomendada

A utilização de produtos específicos para eliminar o vírus de grandes superfícies, como ruas, não é recomendada porque não é eficaz e tem efeitos negativos na saúde das pessoas e ambiente, disse a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, no domingo.

“Não está provado que seja eficaz utilizar desinfetantes em grandes superfícies, como ruas, mas, pelo contrário, não terá grande eficácia sob o vírus. Aliás, numa grande superfície, como estradas, ruas ou passeios, a probabilidade de lá existir este tipo de vírus é pequena, dado o tipo de transmissão que teria de passar de uma pessoa infetada para o solo”, afirmou Graça Freitas.

A diretora-geral da Saúde recordou ainda como alguns produtos que são utilizados podem ter efeitos negativos não só no ambiente, mas na saúde das pessoas, por isso a DGS não recomenda a sua utilização.

Contudo, algo diferente, frisou, são as medidas de limpeza habituais das câmaras municipais com os métodos habituais. “Não temos nada contra a higienização da via pública”, realçou.

Além disso, Graça Freitas explicou que a desinfeção de superfícies, como mesas, armários ou equipamentos, onde o vírus possa existir em grandes quantidades, é indicada e não tem efeitos contraindicados.

Pulverizar ou fumigar desinfetante nas ruas, como alguns países estão a fazer para combater a pandemia de covid-19, não elimina o vírus e coloca riscos sanitários, advertiu a Organização Mundial da Saúde (OMS), no sábado.

"A pulverização ou fumigação de espaços exteriores, como ruas ou mercados, não é recomendada para destruir o novo coronavírus ou outros agentes patogénicos porque é inativada pela sujidade", explica a OMS, num documento sobre a limpeza e desinfeção das superfícies no quadro do combate à pandemia.

A OMS acrescenta que "mesmo em caso de ausência de matérias orgânicas, é pouco provável que a pulverização química cubra corretamente todas as superfícies durante o tempo de contacto necessário para inativar os agentes patogénicos".

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