"Trump está a tomá-lo porque é ignorante e provavelmente não seguiu os conselhos da comunidade científica norte-americana", afirma ao Expresso, sem hesitação, o pneumologista Filipe Froes quando questionado sobre a razão por que estará o Presidente norte-americano a tomar o fármaco hidroxicloroquina. O médico sublinha que não há qualquer indicação que o justifique.
"Vai contra a comunidade científica dos Estados Unidos e, aliás, contra a comunidade científica mundial", conclui Filipe Froes.
Sobre o motivo por que o medicamento - habitualmente usado para o tratamento da malária - não deve ser tomado, Filipe Froes afirma que "um conjunto de prova científica" demonstrou que "a sua eficácia e segurança não está validada", quer em contexto de profilaxia, quer no tratamento de doentes com covid-19.
Ou seja, tomá-lo profilaticamente "não tem benefícios" mas acarreta o "risco de toxicidade", sobretudo ao nível cardíaco, podendo provocar arritmias.
O medicamento, que numa fase inicial da pandemia foi apontado como uma possível esperança no combate ao novo vírus, "é usado ainda", reconhece Filipe Froes, "mas no contexto exclusivo de protocolos clínicos de investigação", ainda a decorrer e que, "naturalmente", terão de ser levados até ao fim. A sua utilização acontece apenas em programas terapêuticos, "perfeitamente controlados e monitorizados", frisa.
Ainda assim, "tudo aponta para a ausência de benefícios", acrescenta o também consultor da Direção-Geral da Saúde.
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