No Dia Internacional do Enfermeiro, que se comemorou esta terça-feira, as felicitações chegaram de todo o mundo. E os agradecimentos também, especialmente significativos numa altura em que a classe enfrenta desafios e perigos até há pouco tempo desconhecidos.
Na conferência de imprensa diária sobre a pandemia, o secretário de Estado da Saúde António Sales, reportando-se a números de domingo, disse que há 834 enfermeiros infetados no nosso país. Esse número representa pouco mais de um quarto do total de profissionais de saúde que já contraíram o coronavírus em Portugal.
O Presidente da República elogiou o esforço dos enfermeiros numa mensagem gravada que a respetiva ordem profissional divulgou esta terça-feira numa videoconferência: "Elas e eles, infetadas, infetados, de quarentena, saindo da quarentena para recomeçar, longe das famílias, sacrificando as famílias, não sabendo o que é o dia seguinte", descreveu Marcelo Rebelo de Sousa.
Acrescentou que o país "não precisou da pandemia para dever aos enfermeiros" e que a dívida de gratidão se expressa "mesmo quando partem para fora porque não encontram em Portugal as condições de trabalho que consideram ideais, mesmo quando há setores da opinião pública que não compreendem a saga dos enfermeiros".
Igualmente presente na videoconferência, a ministra da Saúde, Marta Temido, disse que os enfermeiros "têm sido a melhor garantia da continuidade dos cuidados de saúde primários, dos cuidados hospitalares, nos domicílios aos doentes da rede nacional de cuidados continuados integrados, das linhas de saúde do SNS24 e também da visitação a lares e estruturas que foram construídas por necessidade destes tempos muitos exigentes".
Reconhecendo que 2020 "tem sido um ano particularmente exigente para todos os profissionais de saúde e também para os enfermeiros", Temido, cuja relação com a classe nem sempre tem sido fácil, aludiu às "aspirações da profissão de enfermagem", que, segundo ela, "têm o acolhimento da maioria da população". E falou de "um grande esforço da parte de todos para conseguir extrair soluções e responder aos tempos que aí vêm".
Pelo mundo fora, outros líderes políticos reiteraram o louvor aos enfermeiros. Um deles foi primeiro-ministro britânico Boris Johnson, que num vídeo publicado no Twitter aproveitou para recordar a mulher que ficou como símbolo da profissão de enfermagem, Florence Nightingale, sobre cujo nascimento passam terça-feira duzentos anos.
"Ela revolucionou os cuidados de saúde na era vitoriana, estabelecendo princípios que se mantêm até hoje", disse Johnson. "Mudou e formou a própria percepção do que é uma enfermeira e do que deve ser, transformando o trabalho naquilo a que chamava 'a mais bela das belas artes'. E ao fazê-lo salvou vidas, não só no eu tempo e no seu país, mas as décadas seguintes e em todos os cantos do globo."
"Embora muito tenha mudado na medicina desde o tempo de Florence, ela hoje entraria num dos nossos maravilhosos hospitais do NHS (o serviço nacional de saúde) e não tenho dúvidas de que reconheceria logo a dedicação, a compaixão, a capacidade incrível de todos os enfermeiros de serviço", acrescentou.
Essa ideia ganha uma ressonância pessoal pelo facto de há semanas Johnson ter agradecido a dois enfermeiros, um deles português, por o terem ajudado a ultrapassar uma grave crise de saúde que enfrentou após ter contraído o vírus. "Obrigado a todas as nossas espantosas enfermeiras no Reino Unido que tomam conta de nós, em especial neste tempo difícil. Vocês são os melhores de nós", concluiu Johnson.
Também no Twitter surgiu a mensagem do primeiro-ministro indiano Narendra Modi: "O Dia Internacional do Enfermeiro é um dia especial para exprimir gratidão aos enfermeiros fenomenais que trabalham 24 horas por dia para manter saudável o nosso planeta. Neste momento, estão a fazer um grande trabalho para derrotar a covid-19. Estamos extremamente agradecidos aos enfermeiros e às suas famílias"
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